sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Meu amigo João Roberto




Já não o via há muito tempo e quanta saudade eu tenho das férias que passávamos juntos: eu, meus irmãos, João Roberto, Marquinhos (primo do João), Gian e Ricardo (e muitas vezes, o irmão destes, Raul). Isso era antes da minha ida para faculdade, porque depois que entrei para universidade, minha vida mudou completamente.
Os pais do João Roberto tinham uma casa de veraneio quase vizinha a nossa, num lugar perdido da Região dos Lagos chamado Ponte dos Leites, perto de Araruama. Numa de nossas temporadas de férias, estávamos desfrutando o recesso escolar junto com meus primos (com quem nunca mais falei) e minha tia-avó (que estava na festa de casamento). Lembro-me até hoje que o João dizia ficar nos observando lá do meio da lagoa, enquanto minha tia-avó e meu primo mais velho praticavam algo que se assemelhava ao "judô" na areia. Na verdade estavam criando uma nova "luta" (rs). Ele devia achar aquela "japonesada" um tanto louca.
Eram memoráveis as partidas de futebol à tarde em que todos participávamos ao lado do meu pai. Onde havia um espaço para jogar lá estávamos nós, jogando entre si ou desafiando os adversários locais. Chegamos, inclusive, a criar nosso próprio time uniformizado de futebol. Eu era o camisa cinco, jogava mais atrás e o João, o mais habilidoso do time, era o camisa dez. Ele empurrava o time pra frente com suas jogadas e também aparecia para arrematar. Meu pai chegou a comprar um terreno perto de casa para construir um campinho de futebol. Abandonado, hoje é um terreno murado e com mato pra tudo que é lado. Mas, aquele era nosso solo sagrado, o ponto de encontro para as peladas, o campo de treino do nosso time, o lugar onde vivi aqueles que seriam momentos inesquecíveis.
O centro da sala de estar da nossa casa era ocupado por uma mesa de sinuca enorme. Em geral os desafios eram no estilo "vamos ver quem é o pior", exceto quando meu pai estava jogando, ou melhor, meu pai e o pai do João. Este era craque mesmo. Eu ficava de queixo caído com as jogadas que os dois faziam quando disputavam um contra o outro. O jogo do meu pai crescia quando se confrontavam e dava gosto ver os dois na mesa.
Outra paixão que tínhamos eram as bicicletas. Rodávamos todos aqueles pontos e algumas vezes chegávamos a ir à Araruama. Era um comboio de garotos liderados pelo meu pai, que levava meu irmão mais novo na garupa.
Nos fins de semana, quando estavam as três famílias juntas, reuníamos para o churrasco de domingo, meu pai na churrasqueira, as mulheres na cozinha aprontando os acompanhamentos e a gente brincando até a hora derradeira (rs). A hora do almoço era festiva, pratos passando pra cá e pra lá, conversas cujos temas eram os mais variados possíveis e uma comida de dar água na boca só de lembrar. Meu Deus, quanta saudade eu sinto desta época...
Atualmente, a casa é frequentada pelos meus sobrinhos, mas sem o clima da época de nossa adolescência, pois perdemos o contato constante com os amigos. O local ficou muito esvaziado pela degradação da lagoa e o mundo violento de nossos dias não permite a liberdade que tínhamos naquela época.
No meu casamento, nesta foto que aparece aí do lado, o João me parabenizou e disse: não poderia deixar de estar presente, eu iria viajar, mas fiz questão de vir aqui.
Muito obrigado, amigo e estou muito agradecido também pela presença de sua mãe, Dona Agenora, mangueirense, que abrilhantou a pista de dança o tempo inteiro.

(foto de Felipe Goifman e Glenda Rubinstein)

Roberto

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