sábado, 14 de novembro de 2009

Lua-de-mel (9)-Castelo St'Angelo, Pantheon, Piazza Navona


Nosso penúltimo dia em Roma (o último dia inteiro antes da partida) foi dedicado, inicialmente, à visita do Castelo D´Angelo. Constitui-se numa construção antiga que abriga a tumba de Adriano e também já serviu como refúgio dos papas italianos quando o Vaticano era sitiado. Utilizamos nosso Roma Pass para entrar e havia poucas coisas interessantes, exceto a vista do alto que permitia uma vista interessante dos arredores do Tibre.
Fomos andando da região do Castelo, próximo ao Vaticano, até o local em que se situa a Piazza Navona. Uma praça movimentada circundada pelos tradicionais restaurantes para pegar turistas e habitada pelos artistas de rua que executam pinturas dos passantes – como em Monmartre – ou dos cartões-postais de Roma. Destaque para a fonte em que estão representados os quatro rios mais importantes do mundo. Ao centro, como acontece em diversos outros pontos turísticos de Roma, um obelisco egípcio. Não sei porque essa obsessão em cravar um obelisco egípcio bem ao lado de esculturas ou praças que não têm nada a ver com o Egito.
A pé alcançamos o Panteão, onde está localizada a tumba de Rafael. Destaque para abóbada vazada que enche os olhos daqueles que miram o teto e enxergam uma semicircunferência perfeita. Diz-se que o projeto desta abóbada foi realizado por Adriano, um imperador e arquiteto nas horas vagas.
Este último dia não foi tão movimentado quanto os anteriores, mas chegamos tarde ao hotel mesmo assim. Muita coisa para se fazer, pois no dia seguinte iríamos para Florença.

Roberto

Lua-de-mel (8)- Capela Sistina


Acredito que a visita da Capela Sistina seja muito mais para dizer que estivemos ali. Não mudou coisa alguma em relação à época em que estive anteriormente: uma multidão olhando para cima e guardas pedindo às pessoas para ficar em silêncio. Na verdade para se apreciar o teto e a parede com o Juízo Final é necessário um binóculo para enxergar os detalhes dos afrescos. Melhor olhar os livros e tentar imaginar ao vivo. No local onde está pintado o profeta Zacarias, por exemplo, existem duas figuras menores, por trás do personagem, uma delas fazendo um gesto obsceno para o profeta. Em realiadade este profeta representa o próprio papa Júlio II, patrono e desafeto de Michelangelo, que é riducularizado pelo artista. Estas críticas veladas estão dispersas por todo teto e do solo não é possível percebê-las com nitidez. Mais fáceis de serem vistas são algumas correspondências anatômicas que Michelangelo faz. O afresco famoso em que os dedos de Deus e do homem estão unidos mostra uma panorâmica de Deus e diversos anjos compondo uma imagem que lembra um encéfalo cortado no plano sagital (ao meio).
Do afresco “O Juízo Final”, realizado posteriormente, observam-se diversas representações de corpos semidescobertos e musculosos. É a inspiração renascentista advinda dos clássicos gregos e do conhecimento de anatomia e admiração do artista pelos corpos torneados, principalmente os masculinos. Mesmo as figuras femininas de Michelangelo têm uma conotação corporal masculina, que valoriza a anatomia.
Eu acho incrível que um artista tenha criado um afresco como aquele da Capela Sistina e não tenha gostado do que fez. Michelangelo se considerava um escultor e não nutria paixão pela pintura, o oposto de seu rival Da Vinci. Diz-se que a pintura dos afrescos da Capela Sistina foi realizada a contragosto e condicionada à realização do projeto que lhe interessava: a tumba do papa Júlio II (a parte realizada desta tumba está situada na igreja de São Pietro in Vincoli). Que Michelangelo não tivesse experiência com afrescos e teme-se realizar um projeto daquela magnitude, eu entendo. Mas, não gostar do que se faz e pintar algo como os afrescos da Sistina é estranho. Tenho minhas dúvidas quanto a isso.
Um último detalhe: a entrada da Capela Sistina se faz por onde deveria terminar, isto é no altar. Entra-se na Capela (o que ocorre quando há a eleição do papa ou outras ocasiões especiais) pelo lado oposto, aquele em que está situado Zacarias na extremidade.
Bem, depois desta verdadeira maratona vaticana, passeamos um pouco pelos arredores do Vaticano e voltamos para o hotel.

Roberto

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Milagres acontecem!!!

Fiquei preocupadissimo aqui na Italia com o meu Fluminense. Acabei de abrir os jornais digitais e o site do UOL. Nossa Senhora!!!!!! Nense!! Neeeennnseee!! Sou tricolor de coraçao, sou do clube tantas vezes campeao....

Rumo ao topo da America do Sul e fora desse rebaixamento!!!!

Roberto

Lua-de-mel (7)- Vaticano


A caminhada da estação de metrô à praça de São Pedro dura uns 10 minutos. Paramos para admirar a arquitetura da praça planejada por Bernini, o obelisco egípcio bem ao centro e as estátuas de santos que adornam a periferia, são 140 santos no teto. Guardando a frente da basílica, em ambos os lados da praça, estão esculturas enormes de São Pedro e São Paulo. Do lado direito de quem chega está localizada a entrada, com uma fila básica, mas que não demora a andar.
Entramos na basílica e fomos direto para a visita dos túmulos dos papas e do suposto sepulcro de São Pedro. Diz-se que São Pedro foi martirizado naquele local e a mando de Constantino foi construída uma igreja sobre os restos mortais do santo. Na parte subterrânea da basílica, o destaque fica por conta da tumba de João Paulo II.
Eu já conhecia o interior da basílica, mas independente disso, ainda me impressiona as dimensões colossais da igreja. Sentimo-nos muito pequenos diante de tudo aquilo, particularmente do dossel de Bernini, bem no centro da basílica. Os outros destaques ficam por conta da Pietá de Michelangelo e da estátua de bronze de São Pedro, cujos pés são ininterruptamente tocados pelos turistas. Independente da fé professada por eles, fazem questão de tocar os pés da estátua e tirar fotos. Sinceramente, me incomoda essa necessidade de fazer fotos dessa maneira, desrespeitando uma figura tão representativa da fé católica.
Tão fotografada quanto a estátua de São Pedro, mas em virtude da importância da obra, é a Pietá de Michelangelo. A escultura que representa o sofrimento da virgem com Cristo nos seus braços é praticamente perfeita na expressão do sentimento de lamentação do filho morto. Impressionante também é constatar o requinte técnico do artista com apenas vinte e poucos anos. Eu me lembro dos meus vinte e quatros anos e não consigo me imaginar com uma maturidade tão grande para saber expressar de alguma maneira, um sentimento tão delicado quanto esse, ainda mais em se tratando do filho de Deus. Mesmo hoje, aos quarentas anos, penso que sei alguma coisa, mas continuo a anos-luz de um artista como Michelangelo ou Rafael que também alcançou a glória muito novo. Aliás, de Rafael podemos observar um quadro do último período do artista (se não me engano foi a última obra dele) localizado no interior da basílica: A Transfiguração.
Muito cansados demos por encerrada a visita à praça de São Pedro e a basílica homônima e retornamos ao hotel de metrô.
O dia seguinte foi consagrado ao Museu Vaticano. Saltamos na estação de metrô Cipro e fomos andando ao complexo de museus do Vaticano. A mesma suntuosidade da basílica se repete nos palácios papais, onde estão expostas as obras do museu. Durante a visitação, talvez mais importante que o audioguia seja o mapa que o acompanha e um guia-livro do próprio museu que é vendido na entrada. A caminhada é feita em sentido único e sala após sala são visitadas obras diversas do acervo papal. Pode-se dizer que os dois pontos altos da vista sejam as salas de Rafael e a Capela Sistina. Muita coisa do acervo é de importância muito menor, mas como os destaques maiores se localizam quase ao final da visita, pode-se dizer que perdemos um tempo grande e desnecessário com outras obras que acrescentam muito menos. Não chega a ter o tamanho do acervo do Louvre (e nem chega perto), mas é muita coisa para uma visita só. Da viagem anterior, eu me lembrava da sala dos mapas e da Capela Sistina. Mas, dessa visita eu destaco também o torso de Belvedere, pois é uma escultura antiga admirada pelos artistas do renascimento, particularmente Michelangelo, principalmente pelas formas anatômicas bem delineadas, uma característica do trabalho do artista italiano.
Adoro esculturas monumentais antigas e a sala redonda é um prato cheio nesse quesito. No meio desta sala está uma taça gigantesca em mármore ladeada por diversas estátuas enormes de deuses gregos e imperadores romanos. A estátua em bronze de Hércules parece pronta para começar uma briga. Do tipo “está encarando o quê?” (rs). Esta sala me lembra um pouco o hall de entrada de um outro museu na Alemanha, acho que é o Altes, não tenho certeza.
Mas, o destaque do museu, propriamente dito, é mesmo o acervo de Rafael, particularmente a sala da assinatura onde estão localizados os dois afrescos mais importantes: A Disputa e A Escola de Atenas. É admirável o modo como esses afrescos de Rafael combinam de forma tão harmoniosa uma composição com dezenas de elementos. Nas mãos de um atista medíocre ou de um leigo seria um amontoado de personagens buscando de forma infrutífera se socializar. Na representação de um gênio como Rafael é uma ciranda de cores, posições, lugares e pessoas que se complementam e contam uma história, congelada momentaneamente. Talvez nem Michelangelo fosse tão habilidoso para jogar com tantos elementos, pois um dos afrescos sobre Noé também lida com dezenas de elementos na composição e parece menos harmonioso. O próprio Michelangelo mudou de ideia quando percebeu que de um local tão distante como o teto da Capela Sistina, não era interessante trabalhar dessa forma. Mas, a encomenda de Rafael era outra. Os seus personagens também tinham outras representações, não eram musculosos como os de Michelangelo e as composições tinham um conteúdo menos dramático e violento e muito mais convencional. No entanto, é um Rafael e, infelizmente, fiquei menos tempo que queria nas suas salas, pois o tempo era escasso e havia enfrentado uma peregrinação dura anteriormente, que me tirou parcialmente as forças.
Parada para um lanche rápido, após passar pelo setor de arte moderna. A próxima etapa envolve a jóia da coroa: a Capela Sistina.

(continua)

Roberto

Lua-de-mel (6)- Coliseu e Piazza D'Spagna


Nosso sétimo dia de viagem em Roma começou com o café de manhã no hotel. Por ser um hotel pequeno, quase uma pensão, ele é todo administrado por uma senhora italiana simpática chamada Lucia. Ela faz praticamente tudo: abre a porta do hotel, serve a refeição, guarda as malas na recepção e outras coisas mais. Incredible! No domingo quando chegamos ela estava acompanhada do marido, um senhor italiano simpático também, e de uma mulher mais nova, não sei se a nora ou filha. Esta moça e o filho dos donos do hotel eram mais fluentes no inglês, no entanto menos visíveis por ali.
Pegamos nosso Roma pass e começamos a usá-lo no metrô. Muito simples, colocam-se informações básicas do turista à caneta e depois é só passar pela catraca da estação. A máquina valida o cartãozinho e você pode utilizá-lo nos próximos 3 dias. Da estação Manzoni fomos até Colosseo, onde estava a atração homônima que iríamos visitar. Basicamente são 2 pavimentos aberto à visitação e por meio de um audioguia fomos seguindo o percurso sugerido pelas instruções. No centro do coliseu, parte da arena foi reconstruída para dar uma ideia de como seria naquela época. O restante da edificação constitui-se em corredores e passagens, com diversos fragmentos rochosos dispersos e colocados nas laterais das paredes. Não há muito o que se fazer por ali, exceto observar os locais de visitação, imaginar como seriam as batalhas de gladiadores e relembrar o filme do Ridley Scott.
Saímos do Coliseu e fomos andando pela via Foro di Imperiali. É uma rua larga construída a mando de Mussolini e que corta o centro antigo ligando o Coliseu aos Fóruns imperiais e a Praça do Capitólio. Retirou-se muito material arquieológico e passou-se por cima de muitas construções antigas para abrir esta rua. Projeto polêmico na época da construção.
Da própria rua observamos as ruínas dos outros fóruns de Roma: o de Nerva, Trajano (junto com o mercad de Trajano) e o de Augusto. Ali vale a pena ter o guia de viagens na mão para ler as observações sobre os locais, visto que são sítios menos visitados e sem audioguias, bilheterias etc. Destaque para a coluna de Trajano, bem na lateral do Fórum de mesmo nome.
Seguimos pela via Del Corso, atravessamos suas calçadas estreitas, paramos para tomar um sorvete e olhamos as barracas de camelôs numa das transversais. Nosso objetivo era chegar à Fontana di Trevi que estava próximo dali. Ela é reluzente, linda, as esculturas e a fonte de água propriamente dita se complementam e parecem dialogar com a multidão que fica em volta, tirando fotos ou apenas apreciando. Um imigrante cobra 5 euros para tirar fotos dos visitantes da fonte. Crianças brincam junto aos blocos de pedra que se continuam com a parte esculpida e que mostra Netuno ao centro, majestoso e parecendo posar para as fotos dos turistas. Um cartão-postal inesquecível da viagem.
Eu queria chegar logo à Praça de Espanha, pois sabia que havia um escritório do AMEX ali e necessitava trocar cheques-viagem. Qual não foi a minha surpresa descobrir que a própria AMEX naquele local cobrava 3% de comissão para trocá-los!! Perguntei se existia algum banco que não cobrava a taxa e o atendente me informou que ali era onde pagaria a menos taxa. Pensei comigo mesmo, pra que servem estes cheques que ninguém aceita na Europa e que, particularmente, na Itália ainda cobram essa taxa. Quando fomos à Lisboa já sabia que cobrariam taxas e nem troquei cheque algum no Brasil, mas na Itália, a informação era que existiam locais livres dessas comissões. Saí de lá contrariado e fui revisitar as escadarias da praça. Minha segunda desagradável surpresa é que colocaram provisoriamente uns tapumes pintados com lembranças da queda do muro de Berlim. Isto é, algum gênio de muito mau gosto teve a ideia de colocar aquelas coisas horrendas e sem ligação estética alguma com as escadarias e estragou a vista que teríamos da tradicional Praça de Espanha. A música que tocava – um rock chato e antigo – complementou o pano de fundo sem nexo estacionado no meio dos degraus da escada. Em compensação, a vista lá de cima é muito bonita e pude identificar a coluna de Trajano ao longe.
Volamos ao metrô e salamos na estação Otaviano, destino final era a basílica de São Pedro.

(continua...)

Lua-de-mel (5)- Fórum Romano


No sexto dia de viagem, voltamos ao centro histórico de Roma para conhecer o Fórum Romano. Antigo centro religioso, político e social de Roma, o que existe hoje são ruínas, principalmente de templos, basílicas e arcos triunfais. Na entrada ativamos um passe – Roma pass – comprado num escritório de turismo em frente ao Fórum. Ele dá direito à entrada gratuita em dois pontos turísticos conveniados e a utilização do transporte público por 3 dias seguidos.
As ruínas do Fórum Romano constituem-se num verdadeiro labirinto de pedras por todos os lados, caso não se tenha a orientação de um guia. Na entrada alugam-se audioguias (que por si só já são um pouco confusos) que associados a um mapa do Fórum ajudam o turista a se orientar pelo “caminho das pedras”. Também ajuda bastante ter um daqueles guias de viagem na mão. Aliás, no que se refere aos guias de viagem, aquele ilustrado da Folha sobre a Itália é legal para se visualizar as atrações e serve como ponto de referência quando se está perdido em algum lugar. Mas, como é um guia genérico do país, não traz informações específicas das cidades sobre transportes, alimentação e outras coisas mais. Ele é difícil de transportar pela cidade, pois é muito pesado. Do sul da Itália, este guia é muito ruim, pois sobre Capri havia somente uns poucos parágrafos. Vale a pena comprar um guia específico sobre o sul da Itália se for passar mais tempo lá. Gosto muito dos guias Frommers e sempre compro um quando faço uma viagem ao exterior. O de Roma – em Português, raridade – é bem completo e indica, como sempre, os passeios que se pode fazer. Há dicas para tudo e o único senão é a falta de ilustrações e fotos abundantes. Mas, é um excelente guia e faz muito sucesso lá fora. Havia comprado um outro guia interessante chamado “Rome Steps by Steps” na Livraria da Travessa. Ele é bem didático, ilustrado e traz dicas de tudo também. Vale a pena, mas não é em Português. Não recomendo os guias da série Blue Guides. São bons para se ler antes e depois das viagens, mas não durante! Eles se prendem ao aspecto histórico das atrações, mas são pouco práticos para o que interessa ao turista. Em geral, são guias específicos das cidades, mas comprei um genérico da Itália, que para ser abrangente sacrifica até a possível virtude deste guia: o conteúdo. Em resumo, não é bom em nada.
De volta ao Fórum Romano, o local é cortado pela via Sacra, uma “rua” que passa pelas principais edificações e orienta o turista na direção a ser seguida. Muitas atrações do Fórum são do tipo “ali estão as colunas do templo de Fulano”, “lá se encontra a base dos pilares da basílica de Cicrano”, isto é deve-se utilizar a imaginação para se ter uma ideia do que existia ali. Outras construções como os arcos de Tito e de Septímio Severo e a Cúria estão “bem” conservados e pode-se apreciar a arquitetura secular do local. Virtualmente fiquei impressionado com as ruínas da basílica de Massêncio-Constantino. Existe apenas a parte direita da edificação e parte da abóbada. É enorme e no interior existia uma estátua colossal de Constantino, cujo dedo era do tamanho do punho de um homem. Fragmentos dessa estátua estão expostos num museu de Roma.
Depois dessa imersão no mundo antigo romano, continua-se o passeio pelos jardins farnesianos até o Monte Palatino, onde diz a lenda que a loba encontrou os irmãos Rômulo e Remo, fundadores de Roma. O Monte Palatino também abrigava as residências da classe dominante romana e dos imperadores, começando por Otávio Augusto.
Quem viu a série “Roma” da HBO se deleita em relembrar os personagens históricos e as tramas fictícias e verídicas que a atração televisiva apresentava. É legal entrar na casa de Otávio Augusto e discutir com a pessoa do lado – no caso minha esposa, Débora – “lembra da mulher de Otávio que fazia isso e aquilo...” A série era muito boa e as duas temporadas abrangiam o período da ascensão de César e o meio do governo de Otávio Agusto.
Pegamos chuva durante a visita do Monte Palatino. Encerramos a caminhada no Museu Palatino onde estão expostas peças e outras ruínas escavadas do local. Dali voltamos tudo que havíamos percorrido para devolver o audioguia e só tivemos tempo de visitar rapidamente a praça do Capitólio, replanejada por Michelangelo no século XVI, a propósito da visita de Carlos Magno a Roma. O lugar é lindo e tem-se uma vista espetacular do centro de Roma. A estátua equestre de Marco Antonio no centro da praça é colossal, mas trata-se de uma réplica, pois a original está protegida num museu.
Quando fomos “almoçar” já era quase cinco da tarde e estava escuro. O tempo passou muito rápido e a visita ao Fórum e Monte Palatino tomaram quase que um dia inteiro. Cansei de ver tanta ruína e de ouvir tantos nomes de imperadores e templos. E olha que gosto do assunto, hein?
Nota: assim como ocorreu em Pompeia, achamos aqueles livros do tipo “era assim e é assim”. Fartas ilustrações das ruínas e monumentos importantes de Roma com “capas” que se sobrepõem à foto atual e mostram como eram os locais na época em que foram construídos ou reformados. Vale a pena adquirir um.


Roberto

Lua-de-mel (4)-Roma


No nosso quinto dia na Itália, saímos de Sorrento em direção à Roma. Mais uma vez pegamos a linha circunvesiana de volta à Napoli e dali embarcamos, quase que imediatamente, no alta velocità para Roma. Desta vez não houve atrasos e chegamos em cima da hora para o embarque. Todos já estavam no trem quando entramos, mas não houve maiores transtornos e o trajeto foi feito em cerca de uma hora e pouco.
A estação ferroviária Roma Termini se parece mais com um aeoroporto, enorme e cheia de lojas. O hotel em que ficaríamos hospedados se situa próximo à estação, talvez uns 10 minutos a pé. Digno de nota são as malas que utilizamos na viagem. Compramos em viagens anteriores malas grandes com 4 rodas e elas são fundamentais numa viagem desse tipo. O ponto-chave do planejamento da viagem era que os hotéis ficassem perto das estações de trem, mas para isso precisaríamos trafegar com a bagabem por uma distância curta, o que evitaria ao máximo pegar táxis, que são muito caros. Portanto, essas malas valeram cade euro do investimento que fizemos e custariam uma fortuna no Brasil.
Ficamos num hotel simples, quase familiar. Os donos, muito simpáticos, nos receberam com muitos sorrisos e palavras italianas, algumas pude entender. Aliás, a imersão no estudo do italiano que fiz durante o ano e meio que antecedeu a viagem, valeu a pena. Não sei palavras específicas, mas os curtos diálogos do dia-a-dia consigo fazer, sem muitos problemas. Devo isso a duas fontes que recomendo: os CDs do Michel Thomas que podem ser adquiridos na Amazon (mas é preciso já dominar o inglês) e um site na internet com diversos cursos de idioma on-line (depois coloco o endereço). Os CDs do Michel Thomas já havia utilizado com muito sucesso para o estudo do francês e também foram fundamentais na viagem anterior.
De volta a Roma, deixamos as coisas no hotel e depois de algumas dicas da filha, ou nora, dos donos fomos a pé em direção ao Coliseu. Como já estavámos no meio da tarde, decidimos olhar o exterior do monumento mais tradicional de Roma, tirar fotos e ir à igreja de São Pedro, na praçade San Pietro in Vincoli, perto dali, onde está a tumba do papa Julio II, construída por Michelangelo. Nesta igreja, além das correntes que aprisionaram o apóstolo Pedro, o destaque é a estátua de Moisés na tumba do papa. A Débora me perguntou: o que são aquelas estruturas parecidas com chifres na cabeça do Moisés? Respondi que elas foram projetadas para refletir a luz do sol da posição em que estaria – e que não é a posição em que está hoje – e criariam um efeito visual que valorizaria a obra de arte. Teoricamente nem seriam vistas pelo público. Em virtude das mudanças de posição da escultura, o próprio Michelangelo reconstruiu a estátua para se adequar ao novo local de abrigo. O projeto original da tumba de Julio II era muito mais audacioso e grandioso, foi um projeto que tomou muito tempo de Michelangelo e o artista tinha uma expectativa enorme em relação a ele. O próprio teto da capela Sistina, sua obra mais famosa, foi inspirado de alguma maneira na tumba de Júlio II. Mas, em relação ao projeto original, pouca coisa foi realizada, nem a localização imaginada – a Basílica de São Pedro – foi mantida. Mas, em se tratando de um gênio, este “pouca coisa” representa uma das esculturas mais perfeitas criadas pelo homem.
Dali voltamos ao hotel. O tempo na Itália é louco e alternam-se períodos de sol e chuva. Foi desta maneira, abrindo e fechando o guarda-chuva que fizemos o trajeto de volta para nossa casa provisória em Roma.

Roberto

Lua-de-mel (3)-Capri


Nosso terceiro dia em Sorrento foi dedicado à visita a Capri. Do hotel fizemos a pé um trajeto pela rua paralela à principal e terminamos numa descida íngreme feita por meio de escadas até a área do porto. Após algum tempo de espera, atravessamos o mar entre Sorrento e Capri a bordo de um barco enorme de transporte. Ao chegarmos, a notícia ruim: não seria possível visitar a gruta azul porque a maré estava cheia. Só nos restava tomar o funicular (uma espécie de elevador sobre trilhos, semelhante aos de Lisboa) e visitar o centro da cidade. Estranhamente, a maioria das lojas estava fechada, mesmo sendo um sábado e a cidade cheia de turistas. Algumas partes da cidade estavam desertas, coisa inimaginável numa região como essa. O dia era ensolarado e a temperatura amena, se bem que foi esfriando conforme o tempo passava. Aproveitei para tirar fotos e recordei lugares que já havia visitado anteriormente. Eu me emocionei um pouco quando me lembrei da vista da costa a partir da praça Umberto I. Vieram as lembranças da viagem em companhia de minha mãe e o grupo de turistas gaúchas que nos acompanhava. Saudades...Ainda sobre esta viagem anterior à Itália, três coisas diferentes em relação àquela época: eu havia subido em direção ao centro por meio de um ônibus pequeno e velho, atravessando um caminho estreito de mão dupla, onde muitas vezes só passava um veículo. Não me lembro do funicular, não sei se não havia. Preciso pesquisar. Hoje em dia, os ônibus são muito mais modernos e seguros do que naquele tempo. Outra coisa é que as motonetas – tipo vespa – são maiores e mais potentes, no entanto tão numerosas e barulhentas quanto. A terceira coisa que me impressionou foi os italianos falando inglês. A maioria consegue se expressar bem na língua de Shakespeare, o que era incomum há 10 anos, principalmente nas cidades mais afastadas. Efeitos da globalização? Não sei, a Europa é globalizada desde sempre.
Bem, ficamos pela cidade e o tempo foi passando. Tive vontade de conhecer o local em que residia o imperador Tibério, mas a caminhada até lá inviabilizaria nosso horário de retorno. Diz a lenda que Tibério passou seus últimos anos de vida, recluso em Capri e tinha o hábito mórbido de empurrar seus inimigos e desafetos encosta abaixo em direção ao mar. Não admira tanta crueldade num governo durante o qual Jesus foi crucificado.
A pracinha do porto de Sorrento é cheia de gatos, provavelmente alimentam os bichanos e ninguém se preocupou em esterilizá-los. Abaixo do ônibus que estava parado na praça havia um filhote de gato que estava abrigado da insegurança do mundo ao seu redor. Depois de um tempo, um cachorro passou a caçar o gatinho, não sei se por brincadeira ou instinto assassino. O pequeno se defendia como podia, até que chegou mais um cão e a briga, que já era desigual, ficou ainda mais covarde. Um senhor a bordo de uma vespa tentou assustar os cães. Saí daquele local para tirar fotos perto dali e passado algum tempo, a Débora me procurou chorando e dizendo que o gatinho havia sido atropelado pelo motorista de ônibus. Ele dera a partida no veículo, mesmo sabendo que o animal estava embaixo do ônibus. O senhor da motoneta reclamou muito...Triste mesmo...Saudades do Brasil e das gatinhas da minha casa, minhas filhotas: Zaica e Lobinha.

Roberto

Lua-de-mel (2)-Sorrento e Pompéia


O trajeto entre Sorrento e Nápoles é feito por um tipo de metrô velho, no trajeto que eles denominam de Circunvesiana. Identifiquei 3 linhas e a distância coberta é bem extensa. Pelo caminho vamos fazendo paradas em várias cidadezinhas, com nomes que desconheço, exceto Pompeia.
Chegamos à Sorrrento sob chuva. Apesar do trajeto da estação ao hotel ser relativamente curto – fomos descobrir depois – preferimos um táxi devido ao desconhecimento do lugar e às condições climáticas. Os procdimentos de costume no hotel, um passeio à noite para encontrar um lugar para jantar e olhar algumas vitrines. A cidade é muito pequena, resume-se a uma rua principal e as praças interpostas pelo caminho. Chama a atenção a arquitetura dos prédios locais: poucos pavimentos, cores suaves e agradáveis e as varandinhas simples, que completam de forma harmoniosa o desenho dos edifícios. Em alguns prédios percebe-se uma linha sinuosa feita pela sequência de varandas, enquanto em outros destaca-se um vai-e-vém de sacadinhas bastante interessante. Più belo.
No dia seguinte fomos à Pompeia, mais uma vez por meio da Circunvesiana chegamos à cidade aterrada pela lava do Vesúvio em 24 de agosto de 79. No ano de 62, o desastre já era anunciado em virtude do terremoto que sacudiu a região e destruiu várias construções, diversas delas ainda em reparos quando a erupção aconteceu.
Pompéia – as ruínas – é um labirinto de pedras e construções destruídas que nos leva a um passado distante de mais de 2000 anos atrás. Caminhar pelas ruas é difícil – e imagino que também o era naquela época – pois a pavimentação é composta de pedras lisas, grandes e irregulares. Nos pontos das ruas que se encontravam entre as calçadas, existiam pedras ainda maiores para facilitar atravessar de uma calçada à outra. Difícil imaginar carroças trafegando pelas ruas e faz-se alguma ideia da confusão de pessoas, animais e transportes que deviam cruzar de um lado para outro. As próprias calçadas se situam num nível bem mais elevado em relação às ruas, o que deveria trazer mais dificuldade ao deslocamento das pessoas.
A visita às ruínas foi feita, a maior parte do tempo, sob tempo seco. No entanto, antes e depois (na verdade, no final de nossa visita) da estada em Pompeia choveu bastante. Pude perceber como a água se acumulava em certos pontos das ruínas, o que deveria ser mais um transtorno à vida dos cidadão daquela época.
É estranho sentar-se em locais preservados por mais de 2000 anos, olhar ao redor e ver uma enorme praça que servia como ponto de confraternização e manistações das pessoas. Templos em homenagem a diversos deuses greco-romanos e imperadores também eram comuns. Entrávamos pelos restos do que seria uma casa e víamos o interior dos cômodos e um jardim que ficava na parte de trás. O jardim era adornado por enormes colunas que rodeavam uma piscina, o que parecia ser a distração principal para os que residiam ali. Havia também ruínas de teatro e uma arena de gladiadores. Depois de um tempo, cansa-se de ver tantos exemplos semidestruídos dos edifícios e casas da época. Menos comuns são os exemplares de corpos preservados pelo aterramento da cidade. Pessoas contorcidas e em posição de defesa, cujos corpos foram imortalizados pela lava do vulcão. Triste destino desses anônimos passar à história dessa forma.
Como de costume, passamos pela lojinha de lembranças das ruínas e comprei um livro que conta a história de Pompeia e mostra em desenhos sobrepostos como era e o que existe hoje do que sobrou. Ótimo passeio e muitas fotos também.

Roberto

Lua-de-mel

Estamos no quarto dia de viagem e, finalmente, consegui ligar o notebook a uma tomada de energia. Bem, vou tentar atualizar os fatos da viagem até o momento.
Após o casamento, o tempo voou e tivemos que preparar rapidamente nossas coisas para viagem. Partimos no dia 3 de novembro e a ida até que não foi tão cansativa apesar da espera na conexão em São Paulo. Viajamos pela TAM, o avião não estava muito cheio, e achei o serviço de bordo ok, se comparado ao da Air France e TAP, que são superiores. A chegada foi em Milão, segunda cidade mais importante da Itália, e centro financeiro e da moda. Achei Milão uma cidade muito prática, pois do aeroporto encontramos um ônibus que nos deixou na porta da estação central de Milão (que é bem distante dali) e desse ponto fomos a pé para o hotel. Portanto, pouquíssimo gasto com transporte (acho quem uns 7,50 euros do ônibus), rapidez e praticidade. Aconselho a todos que vão a Milão ficar num hotel perto da estação ferroviária central.
Comparada ao Rio e São Paulo, Milão é uma cidade bem mais tranquila. O povo é educado e prestativo e não se enxergam sinais evidentes de pobreza pelas ruas.
Após deixarmos as malas no hotel fomos diretamente para o centro histórico da cidade. Mais uma vez da estação central, tomamos um metrô (metropolitana em italiano) até à estação Duomo. Obviamente, ao redor desta estação, uma das principais atrações é a basílica (Duomo) de Milão, cujo início das obras data do século XIV. Como já estava no final da tarde só deu tempo apenas para conhecer rapidamente o interior da igreja que se caracteriza por enormes colunas e vitrais cheios de detalhes nas paredes. Descobri posteriormente que, em destaque, existe uma escultura de São Bartolomeu, que preciso observar com mais atenção na volta. Tentamos subir o Duomo pelo lado de fora, mas a entrada já estava fechada.
Em frente ao Duomo existe uma enorme praça e uma das saídas desta praça encaminha o turista diretamente para a outra atração principal que existe ali: a galeria Vittorio Emanuele. É um corredor de lojas coberto por uma cúpula de vidro que impressiona pela beleza e harmonia arquitetônica. Outra coisa que também impressiona são os preços das coisas nas lojas, pois só existem marcas de grifes. Bom para se ver o que anda na moda (cores, modelos e tendências) e procurar algo mais barato em outro ponto ou nos camelôs. Como estávamos com fome, entramos num restaurante na própria galeria, cujos preços não eram tão salgados quanto os praticados nas lojas. Resolvi experimentar uma típica pizza italiana e já comecei botando pra quebrar. Pedi uma de salame conhecida como diavola (rs). Por incrível que pareça a pizza veio sequinha, sem aqueles excessos de óleo e gordura que encontramos em diversas pizzas no Brasil (inclusive em lugares de bom nível). A massa era fina (mas não troppo) e crocante, principalmente nas bordas. Era crocante como um pãozinho feito na hora. Uma delícia. O tempero tinha algo de diferente, mas eu acho que era por conta da mussarela. Você coloca na boca, mastiga, sente o gosto e, no finalzinho, sente um outro gostinho de quero mais indescritível. A Débora pediu uma siciliana e também gostou bastante. As pizzas preenchiam um prato bem grande e comemos tudinho, pois estávamos famintos.
Como havíamos chegado no meio da tarde só deu pra conhecer o Duomo e a galeria. No restante do tempo ficamos passeando a pé pelas redondezas. Descobrimos a loja da Ferrari, com diversas quinquilharias ligadas à marca. Em exposição pude apreciar o bólido que fora pilotado, em algum ano anterior, pelo Kimi Raikonen. Na parede dei de cara com dois autógrafos e adivinhem qual era um deles? Sim, senhores. Rubinho Barrichelo, nosso eterno quase tudo.
Como havia dito, olha-se os preços das coisas que admiramos nas lojas de grifes e compra-se (quando se pode comprar) em outros pontos com preços mais em conta. Quando se trata de mulher então, nem se fala. Não preciso dizer que esperei a Débora experimentar e comprar diversas coisas num magazine por cerca de uma hora. Durante esse tempo fiquei observando o modo de se vestir das italianas. Impressionante a quantidade de roupas escuras, com predominância do preto. Em geral o europeu é mais tolerante com as cores aberrantes e vivas, mas acho que a moda do momento era outra. Encontrei muitas coisas em tons de lilás e outras com um certo xadrez Burberry. A Débora ficou impressionada com a beleza da mulher milanesa: todas bem vestidas e maquiadas. Mas, devo lembrar que Milão é a capital mundial da moda e não deve ser incomum encontrar modelos que trabalham na cidade.
No dia seguinte acordamos tarde, tomamos café e fomos diretamente para a estação central, a fim de tomar o trem alta velocità para Nápoles. O trem pode ser de alta velocidade, mas a espera, consequente ao atraso da partida, era típicamente brasileira, pois ficamos em pé durante mais de uma hora aguardando a chegada do trem. A viagem era confortável e só achamos inconveniente carregar as malas e acomodá-las. O serviço de bordo era praticamente inexistente, pois na única vez que alguém passou vendendo alguma coisa, carregava garrafas de água e coca, além de sanduíches caseiros, tudo acomodado dentro de um balde??! Olha, a Itália é um país europeu de altíssimo nível (pelo menos do meio para cima), mas a gente se depara frequentemente com alguns contrastes.
Após cerca de quatro horas, desembarcamos na estação central de Nápoles. Carregar malas por uma estação em obras não é mole, principalmente quando se tem que descer escadas. De Nápoles tomamos um transporte semelhante a um metrô mal cuidado – mas, bem eficiente –, que nos deixou na estação de Sorrento. Não preciso nem dizer que já estava muito cansado da viagem de quatro horas até Nápoles e de mais uma hora e pouco até Sorrento. Eu me arrependi deste itinerário e achei que deveria ter feito o vôo diretamente para Nápoles na ida. Mas, isto era passado. Após desembarcar em Sorrento e mais uma vez sofrer com o sobe e desce de malas num lugar que não sabe o que é elevador ou escada rolante, fomos brindados com uma jóia encravada no fim do mundo: Sorrento.

Notas: na verdade, existe serviço de bordo decente no alta velocità (trem rápido italiano). Não o vimos porque o trem é muito longo e devia estar distante do local em que nos sentamos.
A estação final de Sorrento da linha circunvesiana possuía elevadores e planos inclinados que facilitam a vida de quem tem malas. Na pressa, nós não vimos.