sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Zaica

Era uma vez, em uma manhã chuvosa, uma gatinha que não parava de miar. Estava eu, a atender meus pacientes, no posto de saúde, quando naquele dia qualquer, um ser quentinho, cheio de frio, se enroscou em minhas pernas e nunca mais nos separamos.

Havia acabado de atender meus pacientes e me preparava para ir embora, quando curiosa caminhei até a porta para descobrir que gatinho era aquele que insistentemente estava sendo jogado janela a fora e toda vez voltava a entrar. Era uma coisa miúda, suja de lama, e miava como pedindo um colinho, alguém para lhe amar. Quando me voltei para dentro do posto, em menos de 2 minutos, aquele bichinho 'asqueiroso' já me surpreendia se esfregando em minhas pernas, levei um grande susto, mas quando olhei para baixo não pude resistir àquele golpe 'baixo' no meu coração. Ela já era um dengo só, e como dizem que os bichos se parecem com os seus donos, ali estava a prova de que havia encontrado a sua 'mãe'.

A grande sorte da Zaica, naquele dia, foi eu não ter conseguido telefonar para o Roberto pra lhe pedir autorização para levá-la pra casa, diante do impasse não titubiei, arrumei uma caixinha de papelão e partimos direto para um pet shop e depois à uma clínica veterinária. Não sabia ainda se era macho ou fêmea, mas olhei pr'aquele serzinho e falei: Se você for gata vai se chamar Zaica! E pronto ali se consumou o batismo. Na clínica, outra grande surpresa , a veterinária que estava atendendo foi minha amiguinha de classe no primário; dois presentes especiais em um mesmo dia!

Passei na casa de um amigo, também veterinário, e lá dei conta do trabalho 'sujo', dei banho, passei remédio pra pulgas, que eram tantas que formavam verdadeiros calombos pelo seu corpo, escovei o pêlo e acabei de espantar o que sobrara delas com um potente secador de cabelo. Alimentada , acarinhada e cheirosinha, sua carinha já era outra.

À noite passei na clínica para buscar o Roberto para irmos para a aula de dança. Coloquei a Zaica no colo sobre minhas pernas, ele entrou no carro e nem reparou, eu comecei a rir, ele me olhou e eu apontei pro meu colo. Ele quase teve um filho, exclamou quase irritado: Débora, o que este gato está fazendo aí!?

Contei toda a história, mas ele continuava resistente e dedicava-se então a desfiar as opções para o destino da gata. Fomos pra casa, deixamos ela do lado de fora do quarto, ela chorava chorava e chorava, então a deixamos entrar. No dia seguinte quando acordamos a gatinha estava dormindo na barriga do Roberto, e ele, já acordara apaixonado por ela. Desde daquele dia surpreendente (06/11/2007) , aquela gatinha dengosa, ciumenta e geniosa não desgrudou mais da gente e nos deu e dá até hoje muitos momentos de amor, alegria e surpresa.

Débora