sábado, 2 de janeiro de 2010

Andrea


Essa era uma das minhas melhores amigas nos anos de residência médica. Eu estava um ano a frente, mas a Andrea era companhia frequente nas rodas de estudo, discussão de casos e papos informais, juntamente com a Ana Célia, Marise, Henrique e outros. Mais tarde fomos trabalhar juntos numa clínica em Copacabana, de onde já saí, mas onde deixei muitos amigos.
A Andrea é aquela pessoa guerreira, mas uma batalhadora com um jeito muito meigo e doce de ser. É uma pessoa extremamente gentil, prestativa e com um coração enorme. No tempo em que estivemos em contato, lembro-me que tudo era conseguido com muito suor e trabalho. Eu ficava impressionado com a energia e a garra que ela demonstrava em tudo que fazia. Corria atrás mesmo.
No Pedro Ernesto, eu a via como aquela irmã mais nova que eu nunca tive. E talvez eu e a Ana fôssemos os irmãos mais velhos (que talvez ela nunca teve também, pois acho que seu irmão era mais novo).
Andrea também foi (ou ainda é...rs) corredora amadora como eu. Trocávamos várias informações sobre competições, lugares para treinar, equipamentos de corrida etc. Recordo com satisfação os seus relatos da maratona de Paris e da meia de Praga. Talvez incentivado pelo seu exemplo fiz a minha estreia na meia de Ottawa e depois fui correr as duas únicas maratonas do meu currículo: Chicago e Berlim. Na minha estreia em Chicago, ventava e fazia tanto frio na largada (zero grau) que eu ficava me perguntando: "O que estou fazendo aqui...?" Nunca treinamos juntos, pois pertencíamos a assessorias esportivas diferentes e os meus treinos também incluíam bicicleta, já que eu também participava de trilhas e competições de mountain bike. Aliás, no mountain bike eu também tive meu momento "O que estou fazendo aqui...?" Competi em Passa Quatro, MG, e a primeira ladeira de terra batida era uma subida íngreme de 12 kms. De onde eu larguei, não conseguia vir o topo da primeira subida. Depois foram mais 34 kms de sobe e desce. No dia seguinte foi um pouco mais light, só 26 kms de ladeiras. Voltei pro Rio com uma contratura de musculatura lombar que perdurou durante uma semana.
Infelizmente, um dos maiores dramas familiares da Andrea esteve ligado a este esporte, a bicicleta. O ex-marido era corredor e triatleta amador. E, lamentavelmente, nos deixou após um atropelamento enquanto treinava de bike. Depois que seu ex-marido faleceu, perdi o entusiasmo de vez, pois outros conhecidos já haviam sofrido acidentes fatais terríveis. Eu achava perigoso ter que pedalar sozinho pelo Recreio e mesmo dentro do pelotão na Barra. Muitas vezes era obrigado a acordar de madrugada para evitar o trânsito e mesmo nessas horas via cada barbaridade...Certa vez, quando estava para contornar um dos anéis da orla do Recreio, escutei um estrondo muito grande e posteriormente o barulho de aço atritando contra o chão. Eram 4:50h da manhã e, boquiaberto, vi um carro capotado arrastar-se pela rua, atravessando o cruzamento que se comunica com aquela ponte em construção. Só existem loucos e bêbados trafegando pela rua nesse horário. O falecimento do Marcelo me deixou triste e desanimado para pedalar. Minhas duas bikes estão encostadas, talvez eu as reforme de novo e volte a pedalar ocasionalmente...
Andrea, amiga, muita luz! Você merece brilhar sempre!

(foto de Felipe Goifman e Glenda Rubinstein)

Roberto

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