domingo, 6 de junho de 2010

Copa do Mundo



Faltam poucos dias para o início da Copa, mas internamente não me sinto entusiasmado com isso. Há um bom tempo, aliás, não me entusiasmo tanto com futebol. Só paro em frente à tv quando passam jogos do Flusão ou...em Copa do Mundo. Depois que o esporte se tornou mais exigente no que diz respeito à preparação física e sistemas táticos defensivos, o jogo ficou muito chato. Na minha época de garoto, a paixão era muito grande, existia aquela rivalidade entre os quatro grandes do Rio, Maracanã cheio de gente, seleção brasileira em que conhecíamos todos os craques que jogavam. Raramente um jogo era transmitido pela tv, quem quisesse conhecer os times da época deveria ir mesmo ao Maracanã. Não me esqueço das tardes de domingo quando íamos assistir aos grandes clássicos: Fla x Flu, Flamengo x Vasco, Flamengo x América...Não sou flamenguista - quem escreve é um tricolor -, mas meu pai e irmãos torcem pro Flamengo e aí não tinha jeito. Escolha de time de futebol é influenciada diretamente pelo pai e eu já fui Flamengo um dia. No entanto, ainda criança, descobri minha verdadeira vocação: ser tricolor. Na época da máquina tricolor, cheguei para o meu pai e falei: vou ser Fluminense agora! Ele não acreditou, achou que era onda de criança, mas o tempo foi passando e ninguém acreditava...os outros adultos perguntavam meu time...Fluminenseeee!!! (rs) comprei a primeira camisa tricolor, vi o time ser campeão carioca em 1980...Nem eu levava fé na minha escolha, mas, como diversas decisões que tomei na vida, dei um crédito à ela e investi com coragem.
O panorama futebolístico que encontro nos dias de hoje é totalmente diferente daquele em que cresci. Estádios vazios, excesso de jogos na tv, jogadores milionários, seleção brasileira sem identificação alguma com seu povo, jogos chatos etc. A paixão ainda continua, pois o futebol é mágico e permite discussões acaloradas e democráticas, seja você um empresário, peão de obra, dona de casa ou um menino de 7 anos. Todos pensam entender de futebol. Todos são juízes de futebol. O que seria das segundas se não houvesse futebol nos fins de semana?
Eu só lamento que haja tanto apelo financeiro em torno de uma paixão esportiva mundial. De uma hora para outra, jogadores outrora desconhecidos viram ídolos maiores que seus clubes ou seleções, a fartura do dinheiro proporciona exemplos de vida indignos da representatividade que esse jogadores têm na vida das crianças. Perdeu-se a magia dos jogos na rua, com pés descalços, chutando-se aquelas bolas de plástico. Era assim que jogávamos antigamente entre amigos e vizinhos. A senha para terminar os jogos eram as mães chamando as crianças de volta para almoçar ou jantar.
Mas, a Copa vai começar, o Brasil vai estar em campo de novo e o país inteiro (eu, incluído) vou torcer muito, independente de não vermos ruas pintadas e enfeitadas como antes e de não termos identificação com essa seleção insossa que nos representa na África. Que acabe logo esse negócio para o Fluminense continuar sua arrancada.

Roberto Mogami