sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Google: A história do negócio de mídia e tecnologia de maior sucesso dos nossos tempos



Livro escrito pelos jornalistas David A. Vise e Mark Malseed.
Os autores contam a história da empresa Google e suas atividades principais.
O Google nasceu de um projeto desenvolvido por Larry Page e Sergey Brin em 1996, na época estudantes de doutorado na Universidade Stanford. Visionários, os fundadores do Google identificaram a necessidade de uma ferramenta de busca na internet que superasse o desempenho dos programas que existiam na época. Por meio de um software chamado Pagerank, a ferramenta de busca do Google tornou-se insuperável e aliada ao mecanismo de propaganda direcionada por procura, a empresa virou um fenômeno financeiro e de popularidade da internet.
O livro é uma verdadeira "rasgação de seda" ao Google. Apesar de situar muito bem todos os fatos relevantes na história da empresa, os capítulos levantam a bola do Google de forma irritante. Enaltecem os fundadores da empresa como se fossem seres perfeitos e acima do bem e do mal.
Mas diversos pontos necessitam ser destacados. Primeiro, o Google e os projetos da empresa, pelo menos nos primórdios da existência da companhia, não são direcionados, necessariamente, para o lucro. O retorno financeiro que existe é consequência do bom trabalho e das boas ideias que se tornam realidade. Segundo, os funcionários investem 20% do tempo na empresa para o desenvolvimento de projetos próprios, sem relação direta com as obrigações de trabalho do Google. Assim, um dia na semana é dedicado ao desenvolvimento destes projetos. Após apresentados à direção, caso valham a pena, são designados recursos e pessoal específicos para que sigam em frente. Terceiro, o Google não estabelece um inimigo, seja ele a Microsoft ou Yahoo, para ser o adversário a ser batido. A superação dos concorrentes ocorre de forma natural pela competência da empresa. Quarto, por falar em competência, o Google não poupa esforços para contar com os melhores profissionais do mercado e faz o máximo para que todos se sintam à vontade, num ambiente descontraído e que favorece a criação. Quinto, o Google é uma empresa que valoriza princípios éticos acima de tudo e que coloca o usuário em primeiro lugar e acima do lucro.
Bem, esse é o discurso oficial do livro. Vamos ao que eu achei sobre a leitura de tudo isso:
1- acho louvável o Google querer ser uma empresa criativa e que se diferencia das outras empresas tradicionais. Mas, os fundadores colocam esse ponto de vista de uma forma maniqueísta, o Google representa o bem e o resto está do lado do mal. Sinistro.
2- vamos ser sinceros, o que o Google faz e muito bem é ser uma ferramenta de busca. É impensável a internet sem o Google, ninguém discute isso. Mas, a empresa virou um gigante que quer fazer de tudo, faz parcerias as mais diversas possíveis e quer ser o repositório de diversas formas de conhecimento. A diferença para outras empresas como a Microsoft é que os dividendos chegam por outra forma, não por venda direta ao usuário. Mas, a necessidade de ser uma gigante e abarcar tudo é muito semelhante. Daí, tiro outro questionamento: o cérebro humano é capaz de processar a quantidade de informações que existe hoje em dia? Claro que não. É humanamente impossível darmos conta de todos os estímulos e informações que a mídia apresenta. Isso cria uma angústia enorme, além de competição e muita confusão. O acesso irrestrito de conteúdo técnico que demanda maturidade e conhecimento profissional, muitas vezes cria mais ansiedade e desinformação. Recebo muitos pacientes que consultam previamente o "Dr. Google". Além disso, a consulta de dúvidas e assuntos de interesse pelo Google, nos faz ter um conhecimento suerficial e muitas vezes equivocado pelo que se escreve na internet.
3- a empresa defende princípios éticos, mas foi processada pela Overture (subsidiária do Yahoo) por implementar uma forma de cobrança dos anúncios atrelada à procura (o que a Overture já fazia). Isso é a galinha dos ovos de ouro do Google no final das contas.
4- a empresa aceitou as pressões da China por censura a resultados de busca. No mínimo estranho para uma empresa que defende os princípios "do bem".
Admiro o Google naquilo que ele faz de melhor: as buscas. É uma ferramenta de valor inestimável e que transformou nossa maneira de usar a internet. A página do Google é de uma simplicidade genial, sem luzes piscando, sem propagandas, rápida para carregar, em cores básicas mas agradáveis...um show de eficiência. A filosofia que existe por trás da empresa é politicamente correta e também admirável, mas após o lançamento público das ações do Google, a impressão que passa é a mesma de todas as outras empresas capitalistas: crescer o máximo possível e render muito, mas muito dinheiro. Pena...

Roberto