sábado, 7 de agosto de 2010

Corrida VI

A prova de que participo com mais frequência é a de 10 km. É o tipo de competição mais comum nas ruas e, no Brasil, o circuito Adidas é o conjunto de eventos de rua mais bem organizado no momento. Mesmo assim, acho que a meia maratona é a prova que me dá mais prazer. Ela não é tão rigorosa quanto a maratona, mas também demanda muita força de vontade e machuca menos. Os treinamentos para a meia também são desgastantes, mas conseque-se encaixá-los melhor na rotina diária do que os treinamentos da maratona. Como amador é preciso conciliar trabalho e obrigações domésticas com as rotinas de treinos. No caso da maratona, por exemplo, elejo uma prova no ano para me dedicar, em geral no segundo semestre, e passo todo o período anterior do ano dedicado a isso. Competir em diversas provas de 10 km e pelo menos uma meia faz parte do treinamento para a maratona. Assim como acordar cedo para correr e gastar 20 ou 30 km nos fins de semana para estar em ponto de bala no dia da maratona. Aos que ainda não sabem, o percurso da maratona é de 42 km. Durante os treinos não chegamos a correr os 42 km e nem devemos. O pico do período de treinamento da maratona é duríssimo e estimula aquilo que é uma das grandes virtudes não comentadas da corrida: o poder de concentração. Algumas linhas sobre isso...
Correr é um ato de se concentrar ou melhor, correr é a arte de aprender ou desenvolver sua concentração. Muito se fala sobre ioga, religiões, mentalizações etc, mas a corrida, no meu caso, é uma das atividades que mais desenvolveu a minha concentração. É preciso um bom condicionamento físico para se manter concentrado durante uma corrida e é preciso muita concentração mental para poder extrair o máximo do nosso corpo. Numa competição de rua, presta-se atenção o tempo inteiro ao ritmo que estamos imprimindo, distância percorrida, postos de hidratação e estratégia montada para aquela prova especificamente. É preciso estar muito ligado nisso tudo e conectar estes momentos cruciais com aqueles em que se esteve treinando e simulando as situações que ocorrem durante a prova. Numa maratona, o bicho começa a pegar a partir do km 30. Nesse período, o corpo já não tem o mesmo rendimento e as dores e o cansaço começam a aparecer. É a hora de se motivar e concentrar no percurso, não deixar sua cabeça sair da prova. Na maratona de Chicago, eu me recordo que tive muitas dores no pé nos dias que antecederam a prova. Num dado momento da corrida, as dores voltaram e um dos recursos que utilizei foi entoar mentalmente uma série de orações que funcionaram como mantras durante boa parte da corrida. Eu diria que eram mantras cristãos que me ajudaram bastante e - conjuntamente com outras estratégias - permitiram até aumentar o ritmo de corrida nos kms finais. Esses mantras eu já havia testado nos treinamentos e planejava utilizá-los em algum momento da corrida
Enfrentar um treino longo de fim de semana (20-30 km) durante a preparação para a maratona é outro momento que exige demais do poder de concentração. Além disso, essas são boas horas para fazer uma reflexão sobre um problema que nos aflige, encontrar uma solução para algum questionamento semanal que ficou sem resposta, rever mentalmente aquele passo de dança que aprendemos na aula de dança de salão etc. É sério, já achei resposta para muitas perguntas durante treinos de corrida. (continua...)

Roberto

Corrida V

Correr em trilhas demanda muita atenção por causa dos buracos e desníveis naturais do piso. Pode ser um prato cheio para uma entorse. Mas, com os cuidados devidos, pode-se aproveitar muito bem os treinos de corrida. Quanto à corrida na areia, muito comum também numa cidade praiana como o RJ, é preciso que se faça com muita orientação pelo risco de estiramentos, já que a areia demanda mais força muscular do que na trilha ou asfalto. Outra dica é não deixar de usar o tênis - pode ser um outro modelo usado - pelo risco do impacto contra os pés (mesmo sendo menor) e pela possibilidade de machucar a planta do pé em algum objeto perfurante (areia de praia é terra de ninguém).
Eu comentei sobre treinadores e a corrida é um esporte que pede um bom treinador para orientar os atletas. Correr não é enfiar um par de tênis nos pés e sair por aí como um louco correndo na rua. Há uma ciência por trás dos treinamentos, existem educativos a serem feitos para aperfeiçoar os movimentos da corrida e também há um planejamento da temporada para as competições em que se deseja participar. Correr uma meia maratona é totalmente diferente de competir numa prova de 10 km. Treinar apenas pelo prazer de correr é distinto de enfrentar as ladeiras da São Silvestre. Enfim, cada pessoa tem um perfil fisiológico e possui um objetivo dentro do esporte. O treinador serve para tornar isso tudo factível sem que estejamos sujeitos à lesões ou decepções pelas metas não atingidas. (continua...)

Roberto

Corrida IV

Alguma coisa estava muito errada, pois meu pé inchava e eu não conseguia correr mais de dez minutos na esteira sem sentir dor. Parei durante três dias e na volta, os mesmos sintomas. Após a consulta com o ortopedista, a ressonância magnética mostrou uma fratura de estresse no pé. Três meses sem correr e treinos somente de pedal. No final da recuperação, voltei correndo na água, um método chamado deep running (acho que é isso..). Aproveitei esse período e também troquei de treinador, pois estava insatisfeito com as orientações passadas. Aos poucos fui voltando a correr e a dorzinha inicial no peito do pé foi cedendo até sumir de vez. Ufa, que alívio!
Um dos primeiros conselhos que eu tive nessa minha nova fase foi evitar correr o tempo inteiro no asfalto. Os quenianos têm uma longa bagagem de corridas em terra batida antes de passar ao piso duro. Existem provas específicas em trilhas chamadas de competições de cross-country. Os treinos em trilha são bons até mesmo entre uma temporada e outra de um atleta de elite. O impacto nos pés é menor, estimula a propriocepção e demanda um esforço diferente e maior do que aquele necessário no asfalto. No caso de amadores que treinam rotineiramente, a terra batida ou grama é ótima para fazer o grosso dos treinos, obviamente devemos ter uma rodagem no asfalto também, mas idealmente com kilometragem menor.
Em qualquer atividade física, mas principalmente as aeróbicas, o monitor cardíaco deve ser seu companheiro de trabalho. Ele ajuda a treinar na frequência cardíaca adequada ao esforço pedido num dado período do treinamento. Não se treina no máximo o tempo inteiro e tampouco há utilidade em realizar treinos muito leves. O assunto é complexo e não abordarei isso aqui, mas existem zonas de treinamento adequadas para cada organismo e objetivo de treino e o monitor é fundamental nessa mediação.
Especificamente para corredores há um outro acessório que é o pedômetro eletrônico que funciona por gps ou por um dispositivo inercial que emite sinais. Cada um tem suas vantagens e desvantagens: o gps não funciona em áreas cobertas e o pedômetro inercial precisa estar sempre configurado para o tênis e piso em que se está treinando. É um aparelho ótimo porque permite fazer uma leitura em tempo real do seu ritmo de corrida, velocidade e distância percorrida. Quando acoplado ao monitor cardíaco torna-se uma ferramenta muito útil (continua...)

Roberto

Corrida III

Nessa época eu já pedalava sério e resolvi trocar a natação pela corrida. Eu já era assessorado por um treinador e minhas planilhas de bicicleta incorporaram os treinos de corrida. Sou melhor ciclista do que corredor, mas gosto muito de correr. Os primeiros treinos de corrida são difíceis, mesmo para quem já é condicionado em outro esporte. A primeira coisa que percebi foi que minha frequência cardíaca na corrida ficava mais alta do que em cima de uma bicicleta. A corrida também me desgastava mais e é natural que essas coisas aconteçam, pois a corrida demanda um maior grupo de músculos trabalhando ativamente para deslocar o corpo. Eu corria na ciclovia e na esteira. Aliás, corria muito na esteira. Foi durante os treinos na esteira que cometi dois equívocos que me custaram meses de molho sem poder correr. A pisada de um atleta na esteira é diferente da rua. Literalmente, a esteira corre por você. O atleta promove o deslocamento dos braços e pernas, mas a interação do pé com o piso na esteira é diferente pela falta do esforço necessário para projetar o corpo para frente. No meu caso, - e escrevo por mim, não sei os outros, mas acredito que não deva ser muito diferente - fazer alguns treinos na esteira pode ser legal para não deixar de treinar em dias chuvosos ou quando se quer fazer um treinamento específico. Treinar quase o tempo inteiro na esteira não é legal. Na vida real, ninguém caminha ou corre como numa esteira.
Meu segundo erro foi escolher o tênis pelas propagandas de revista ou pelo que o vendedor falou. O primeiro tênis que comprei foi recomendado por um vendedor porque era um modelo novíssimo no mercado e muito divulgado nas revistas. Um tênis ok, nada demais. O outro tênis que adquiri era um modelo novíssimo também promovido por uma triatleta famosa. O tênis era muito confortável e bem mais leve que os modelos tradicionais de treinamento diário. Eu gostava muito dele, mas depois vi que era inadequado para treinamentos constantes. Resultado de excesso de esteira e tênis inadequado: fratura de estresse num dos metatarsais. (continua)

Roberto

Corrida II

Por volta dos 31 ou 32 anos fiz um exame periódico de rotina num dos hospitais em que trabalho. O resultado foi desastroso: colesterol alto, hipertensão arterial e outras coisas mais. Pensei comigo mesmo: sou um cara estressado com o trabalho, não faço atividade física alguma e estou com os resultados dos exames laboratoriais alterados. Como posso ser exemplo de saúde para alguém - visto que sou médico - se o meu próprio bem estar físico e mental está em frangalhos? Até aquele momento, eu nunca havia colocado os pés numa academia, não tinha a mínima ideia do que existia lá dentro. Minha dieta consistia em arroz, feijão, batatas fritas e bife. Variações existiam dentro do quesito coisas gordurosas, frituras e doces. Diversão era coisa rara porque eu pensava somente em estudar e trabalhar. Mesmo minhas leituras estavam um pouco de lado. Em resumo, eu estava em rota de colisão com alguma coisa muito ruim para acontecer. Ou eu mudava o rumo da minha vida ou ela simplesmente seria abreviada em muitos anos.
Quando se trata de tomar uma decisão importante, o difícil é começar, de resto, feche os olhos e siga em frente com muita fé. Eu sempre pensei assim. Em todas as vezes em que me convenci da importância de algo, planejei o caminho e segui por ele, acreditando sempre que estava por fazer a coisa certa. Graças a Deus, eu sempre consegui...
A mudança começou pela dieta, consultei uma nutricionista do hospital e reduzi as quantidades e melhorei a qualidade do que comia. Também entrei numa academia e a primeira atividade desta etapa foi a natação. Era algo com o qual tinha alguma familiaridade na infância. Eu escrevi "alguma"! Depois de 3 meses, meu físico já tinha mudado de forma evidente. Aquilo me trouxe outros valores que incorporei e mantenho até hoje. Nessa época comecei a fazer musculação e o sobrepeso que eu tinha virou um corpo modelado pela parte aeróbica da natação e pela puxação de ferros. Mas, acima de tudo, eu estava feliz comigo mesmo, menos estressado e muito entusiasmado com a atividade física. Aquilo já não era uma necessidade de saúde, mas um prazer fundamental que eu tinha durante a semana. Aos poucos fui tomando gosto também pelas pedaladas por meio das aulas de spinning. Eu gostava ainda mais de pedalar nas aulas do que fazer as séries de natação. Foi uma questão de tempo eu comprar uma bicicleta para andar na rua. Mas, sobre isso eu escrevo em outro post...Treinava natação, bicicleta e malhava. Pensei: por que não correr também? (continua)

Roberto

Corrida

O homem é um ser em movimento por natureza. Nossos ancestrais evolutivos corriam para procurar alimento e se defender; ao longo dos milhares de anos nossa anatomia se adapatou para a vida na terra e para os grandes deslocamentos. O fato de sermos bípedes, o desenvolvimento menor dos músculos dos ombros (já que não precisaríamos mais viver em árvores), a menor quantidade de pêlos, tudo evoluiu para possibilitar nossas caminhadas e corridas. Portanto, queiramos ou não, somos filhos do movimento, nascemos para isso.
A corrida como esporte, principalmente na vida de homens extremamente urbanizados, reproduz nossa vocação natural, reprimida pelos confortos do capitalismo: automóveis, elevadores, escadas rolantes, supermercados, gadgets eletrônicos etc. Considero a corrida um dos esportes mais simples de se praticar, pois só é preciso um par de tênis e voilá! (continua...)

Roberto

Simplicidade

O tempo me ensinou uma coisa básica que norteia minhas atitudes: ser simples e procurar resolver os problemas da maneira mais simples possível. Depois de ler a biografia de diversos gênios ou pessoas de destaque, encontro um traço comum a muitos deles, eles preferem a simplicidade, o caminho mais curto entre dois pontos. Obviamente, nem toda solução mais simples e fácil pode ser a melhor. Mas, se existe a opção do caminho tortuoso e inútil, cheio de curvas desnecessárias e outro em linha reta, por via pavimentada e mais curta, qual você escolheria? Pois é, mas o ser humano é um bicho engraçado, nem sempre suas escolhas são feitas dessa maneira.
Ontem durante a aula de salsa, o professor, que esteve recentemente em Cuba, comentou sobre o que estou escrevendo: "quando lá cheguei queria dançar salsa rápidas e fazer passos complicados, mas o cubano não dança salsa dessa maneira, ele prefere músicas mais lentas e passos mais simples. É isso que dá prazer à dança e estimula a mulher a ser conduzida pelo cavalheiro". Concordo! Em algumas aulas, alguns professores de dança querem ensinar aquele passo complicado que será esquecido dez minutos depois ou que ninguém gosta, mas é sofisticado. Quando a turma atinge um nível intermediário, começa uma profusão de coreografias sem sentido e que só servem para causar efeito. É como o Domingão do Faustão, alguém acha que aquele pessoal se diverte fazendo aquilo? Alguém acha que nos bailes as pessoas dançam daquele jeito?
Outra novidade tecnológica que entrou em moda são os livros eletrônicos. Depois do Ipad, a mídia quer promover alguma coisa para vender e o livro eletrônico virou o "gadget" do momento. Na foto da reportagem do "Globo" aparece uma mulher "lendo" o jornal no "e-book". De vez em quando, quando estou fora de casa, eu acesso o Globo pela internet e fico lendo, rapidamente, algumas notícias que me interessam mais. É horrível aquilo! Eles tentam simular as páginas de um jornal de papel, mas é tudo muito artificial e pouco prático. Há cinco anos, inventei de comprar um guia de viagens (livro) em PDF de Montreal. Baixei o programa da Amazon e carreguei no Pocket PC (era uma espécie de Palm melhorado). O Pocket PC era meu companheiro inseparável, quase um celular (hoje os celulares têm essas funções nos smartphones), pois tinha minha agenda de contatos, anotações sobre protocolos de exames, programa de orçamento financeiro, emails etc. Achei que colocar um guia de viagem eletrônico seria muito útil, pois não precisaria carregar um livro na bolsa para ficar consultando durante a estada em Montreal. Ledo engano...Ele ficava minutos carregando um mapa do metrô; eu queria uma informação boba sobre o nome de uma rua e tinha que ficar voltando aquelas páginas até algum índice ou sumário. Em resumo, uma droga.
A medicina de hoje virou um shopping center de cursos sobre as mais variadas coisas. É email, folder, cartazes sobre os mais diversos cursos, jornadas e congressos. São convidadas as celebridades do momento ou médicos estrangeiros para falar sobre algum assunto "ultramoderno". Preços dos cursos? Os mais exorbitantes possíveis. Sempre digo: por esses preços, eu entro no site da Amazon, escolho um livro da minha especialidade que estou precisando e compro. Ou então, entro nos sites dos periódicos da minha especialidade e baixo os artigos com assuntos que me interessam. Muito mais simples e barato. Só é preciso sentar a b* na cadeira e começar a estudar.
Assim, antes de tomar decisões sobre alguma coisa, eu defino prioridades. Depois disso, passo aos acréscimos que podem me ajudar, apesar de não serem prioritários. No fim, elimino o que é supérfluo. E outra coisa: mais simplicidade em tudo que se faz, não inventemos "modas", curtamos a vida de forma natural...

Roberto

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Uma Oração....

Esta oração aprendi hoje. Uma amiga me ensinou e é para fazermos em prol daquelas pessoas que nos querem bem mas acabam de alguma forma nos prejudicando. Por ansiedade ou excesso de zelo são pessoas que se atropelam e acabam nos fazendo mal.

" -fulano de tal-, entrego você a Deus.
Irradio para você AMOR, PAZ, FELICIDADE, HARMONIA E VITÓRIAS ESPIRITUAIS.
Sei que sua jornada evolutiva estará sempre em direção a Deus.
Quando penso em você afirmo imediatamente:
-Você está entregue a Deus.
-Deus esteja com você."

domingo, 1 de agosto de 2010

Dorme Menino

Dorme menino
que faço do dom de te esperar milagre perfeito
pra minha impaciência sarar

Dorme menino
Te vejo em meus sonhos
te esqueço sorrindo por entre meus devaneios

Dorme menino
que enquanto a saudade não vem
faço a alegria voltar

Dorme menino
espera tranquilo
na certeza de que o tempo de acordar
tão breve há de chegar

Débora