sábado, 3 de abril de 2010

A História de Quando Éramos Peixes


Livro do paleontólogo Neil Shubin que se propõe a mostrar analogias entre a anatomia dos seres humanos e outros animais por meio do estudo do DNA e de fósseis de animais extintos.
Diferentemente do que imaginei não há nada muito novo no texto do autor. Mesmo quem não trabalha na área de medicina e ciências biológicas já deve ter estudado diversos assuntos abordados no livro nas aulas do colégio. Mesmo assim é interessante pelas comparações que nos relembram de nossas origens como seres vivos.
As rochas, objetos de estudo dos paleontólogos, mais favoráveis ao achado de fósseis são as do tipo sedimentares, que sofreram a ação de rios, lagos e córregos durante sua formação. Um dos eventos a que os paleontólogos prestam atenção num terreno propício ao achado de fósseis são as explosões (para abrir estradas, contruções ou outros empreendimentos parecidos). Estas expõem as rochas e permite que se façam pesquisas de campo mais produtivas.

Todas as criaturas que possuem membros apresentam um padrão ósseo regular, que se distingue de uma espécie para outra pela ênfase no desenvolvimento de algum (ns) osso (s). Neste padrão regular encontramos um osso único (braço nos humanos) que se articula com dois ossos (antebraço), este por sua vez se articula com um pequeno grupo de ossos menores (punho) e finalmente, na outra extremidade os ossos dos dedos. Caso se radiografe os membros de morcegos, pássaros, cães etc, veremos este padrão regular se repetindo.
Peixes não são animais que apresentam os membros com esse padrão regular descrito anteriormente. Mas, o tiktaalik - peixe de transição entre os ambientes aquático e terrestre - possuía no interior de suas nadadeiras ossos que o permitiam, inclusive, fazer flexões. Para quê? Para rastejar...E por que sair do ambiente aquático onde os primeiros já estavam adaptados? Para se defender dos predadores, isto é outros peixes.

Passemos aos animais que evolutivamente sucederam os peixes e apresentavam membros que os permitiam andar na terra, os répteis. A dentição destes animais difere dos humanos pela falta de variação do formato dos dentes, ausência de congruência entre a arcada superior e inferior e pelas trocas constantes de dentição que ocorrem.

O tritilodonte, um réptil, também era um animal de transição entre os répteis e mamíferos, pois suas arcadas já apresentavam uma congruência apesar de apresentar características estruturais de répteis. Outro animal interessante era o ostracoderme, cujo crânio apresentava uma estrutura óssea semelhante a de diversos dentes unidos. Isto é, a parte da estrutura óssea dental, iniciou-se o processo de formação do crânio.

Por que organismos unicelulares evoluíram para seres multicelulares e com estruturas corporais. Evolutivamente também foi um mecanismo de defesa contra agressores. É mais fácil se proteger, e mesmo atacar para sobreviver, sendo maior.

Cerca de 3% do genoma humano é dedicado ao olfato, mas trezentos dos três mil genes do olfato não tinham função alguma. Sofreram mutações que os tornaram inúteis. Por quê? A resposta talvez esteja nos olhos. A espécie humana privilegiou o sentido da visão e o olfato, como consequência, passou a ter menos importância em nossa sobrevivência.
O ouvido médio humano é constituiído de 3 ossículos (estribo, martelo e bigorna). Os répteis só possuem um (estribo) e os peixes e tubarões nenhum. Por meio do estudo dos fósseis e da embriologia dos arcos branquiais, descobrimos que o estribo, originalmente era o osso hiomandibular dos peixes e anfíbios que conecta a mandíbula ao crânio. Com o passar do tempo ele foi reduzindo de tamanho e tornou-se importante como osso da audição quando a vida também passou a existir fora da água. A origem do martelo e bigorna tem explicação diferente. O correspondente embriológico nos répteis é um osso da região posterior da mandíbula, que progressivamente foi diminuindo e nos mamíferos progrediu para o martelo e bigorna. Este fato evolutivo nos permitiu ouvir sons de frequências mais altas. Portanto nossa audição evoluiu a partir de ossos da mandíbula.
Aproveitando a discussão sobre a origem evolutiva de nossa anatomia, Richard Neel, em 1962, formulou a teoria do genótipo econômico. Nos primórdios de nossa existência como primatas, vivíamos ciclos de fartura e escassez de alimentos. Nosso ogranismos, desta forma, foram programados para acumular reservas na forma de gordura para os tempos de carência. No entanto, o que somos hoje em dia do ponto de vista da atividade física? Simplesmente, contrariamos nossos fundamentos evolutivos e fisiológicos. Há disponibilidade de comida durante as 24 horas do dia e excesso de conforto em tudo que fazemos. O resultado só pode ser a epidemia de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes que vivenciamos hoje.

Roberto Mogami

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