domingo, 15 de novembro de 2009

Lua-de-mel (10)

O dia da partida de Roma reservou a surpresa mais desagradável desta viagem até agora. Preparamos as malas e saímos de manhã em direção à estação Termini a fim de pegar o Alta Velocità para Florença. Fomos puxando as malas pela rua até a estação, onde pegamos nossos bilhetes e embarcamos no trem. Este estava lotado e não conseguimos achar um lugar para deixar as malas. No meio daquela confusão de gente passando pra lá e pra cá, uma menina se ofereceu para ajudar. Achei estranho, mas não dei muita bola. Mais tarde quando precisei usar os euros que estavam na carteira, percebi que ela não estava mais no bolso da minha calça. Eu havia sido roubado. Não sei se foi a menina ou alguém que esbarrou em mim no meio daquela confusão de malas e gente passando. O fato é que levaram minha carteira com os cartões de crédito e débito. Tive uma trabalheira e muito transtorno para cancelar tudo pelo telefone. Pior: uns dias antes já havia sido furtado em Roma e dessa vez furtaram minha carteira com euros e cartões. Não tenho a mínima ideia de como ocorreu o furto no trem, mas ele aconteceu. Por mais que tomemos cuidado, esses batedores de carteira descobrem uma maneira de tirar nossos valores sem que percebamos. Triste isso.
Dentro deste trem tive um outro transtorno com um fiscal da Trenitalia. O passe de trem que compramos no Brasil deveria ter sido validado já na primeira bilheteria que nos forneceu os bilhetes de Milão à Napoli. O incompetente do funcionário não o fez e os outros fiscais e atendentes da Trenitalia, que continuaram me fornecendo as passagens de Napoli à Roma e Roma para Florença, também não se manifestaram. O detalhe é que você só recebe os bilhetes após o passe ter sido conferido pelo funcionário. Até que o fiscal que estava hoje no trem resolveu questionar a ausência do selo de validação no passe. Mesmo sem saber do que se tratava e de explicar que a culpa não era minha, fui multado em 50 euros por causa disso.
Em resumo: existe uma burocracia idiota nestes passes que exige o pagamento do bilhete, da reserva do lugar (em torno de 10 euros) e a validação do primeiro uso do passe (o que é feito na bilheteria pelo funcionário da Trenitália). Só depois de ter acontecido tudo isso, pode-se embarcar no trem com a certeza de que ninguém vai ficar enchendo o seu saco com exigências burocráticas tolas. Ironicamente, qualquer um pode sair do meio da rua e entrar dentro dos trens italianos para roubar as carteiras dos passageiros e depois ir embora tranquilamente sem ser incomodado. Não há controle algum no embarque das pessoas às plataformas e ao interior do trem. Caso eu queira entrar com uma bomba dentro do trem, ninguém vai saber. O controle só acontece quando o fiscal pede o bilhete e faz as exigências tolas que mencionei. Tolas porque, no final das contas, isso não impede o acesso de pessoas estranhas aos trens. Só servem como “pegadinhas” para os turistas que resolvem viajar de trem aqui. Portanto, se você quiser andar de trem na Itália é melhor deixar para comprar as passagens no próprio país, torcer para não ser atendido por funcionários incompetentes e ficar de olho em todo mundo que embarca no trem ou nas pessoas que esbarram em você, seja no trem ou na rua. Eu já falei pra Débora: se encostarem em mim, vou gritar para tirar a mão na hora. Não quero mais que me toquem!
E para fechar com chave de ouro a sequência de azares (após ser furtado, multado, perder dinheiro e cartões de crédito/débito, ter o transtorno de cancelar todos eles aqui da Europa), o escritório do AMEX em Florença foi fechado e não pude trocar traveller cheques. Não preciso dizer que fiquei muito chateado com o dia de hoje e tive vontade de voltar para o meu país.

Roberto

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