quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A Bela e Misteriosa Veneza


Na manhã do nosso último domingo em lua de mel, tomamos nosso café da manhã e partimos pelas ruelas da pequena cidade rumo à estação; pela última vez contornamos as esquinas silenciosas na manhã cinzenta de outono. Enquanto esperávamos o vaporetto (pequena embarcação que funciona como ônibus), aproveitei para observar atentamente o movimento da cidade: alguns caminhando agilmente numa impaciência típica italiana, uns lentamente, embebecidos com a beleza do lugar; outros a tirar fotos compulsivamente como se Veneza fosse desaperecer a qualquer momento. É vero que a cidade está afundando, que alguns poucos canais cheiram mal, que os italianos são rústicos; mas nada, nada se compara à Veneza : elegante e graciosa diante de milhares de turistas de toda parte do mundo. É intrigante pensar como uma cidade tão pequenina, de ruas apertadas e com população fixa que vem decrescendo exponencialmente nos últimos anos, consegue atrair tantos turistas e movimentar tanto dinheiro: num único quarteirão é possível se deparar com lojas das grifes mais caras do mundo.
No vaporetto, durante o percurso até à estação, turistas, locais e malas se misturavam no pequeno espaço comum da embarcação, enquanto isto Veneza lentamente passeava e fluia pelos canais enquanto nos perdíamos admirando um mistério singelo solto no ar. Chegando na estação, procuramos uma rampa a fim de facilitar nossa subida com as malas , mas a única que existia estava interditada com uma corda( coisas da Itália...); enchemos o peito de ar e avanti pelas escaleras! -Na Europa em geral, pelo pouco que já pude notar, ninguém se poupa a pegar no pesado, eles são ágeis para o trabalho e para se virar, ninguém fica meia hora para lhe dar um troco numa padaria, por exemplo, e é comum vermos mulheres com crianças a viajar sozinhas pra lá e pra cá, com carrinho de bebê a subir nos trens, malas ou seja lá o que for.
Nos postamos na plataforma meia hora antes da partida e de olhos bem atentos no painel procuramos o binário do qual o trem partiria, afinal na Itália, o seu trem pode partir no horário ou hora e meia depois sem qualquer explicação, assim como ele pode estar a seu dispor quarenta minutos antes da partida ou chegar na estação faltando cinco minutos para o horário, e aí é bom ser ligeiro: em cinco minutos desce quem tem que descer e sobe quem tem que subir.
Já no trem, enquanto atravessávamos a ponte que liga a Ilha ao continente , me lembrei de uma das primeiras músicas que aprendi a tocar: Gondoleiro Veneziano; só então, vinte anos depois pude 'entender' sua melodia bela e nostálgica. Os compassos longos e bem marcados, agora que já vira uma gôndola, percebi que descreviam perfeitamente o movimento suave deste símbolo da cidade, ritmado pelas remadas lentas e potentes dos gondoleiros. Enquanto o trem se afastava da ilha , a bruma suavemente tomava conta da paisagem e fazia, a misteriosa Venezia, desaparecer entre nossas lembranças de um pequeno e maravilhoso tesouro da humanidade.

PS: ...por pouco, enquanto o trem atravessava a ponte e a névoa estendia seu longo tapete ao nosso redor, acreditei estar acordando de um lindo sonho de manhã de domingo...

Um comentário:

  1. gente amei o blog de voces...nossa muito bonito mesmo...parebens que seja eterno enquanto dure...

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