domingo, 25 de outubro de 2009

Contagem regressiva


Hoje Zaica e Lobinha (nossas filhinhas gatinhas) irão passar o dia reclusas no nosso quarto, a sala virou um verdadeiro 'canteiro de obras'. Há brindes de pista espalhados em cima do sofá, do piano, da mesa, já que quero deixar tudo organizado para facilitar a vida da minha cerimonialista. Estou etiquetando os brindes específicos para as madrinhas e para mim e separando o que vai ser distribuido no início da festa, dos brindes que serão distribuídos para o baile de máscaras que vai acontecer mais pro final. Estamos também escolhendo algumas músicas que fazemos questão que toquem, pois fazem parte da nossa história, como a música do primeiro beijo...É claro que não vamos determinar o momento, o DJ terá toda a liberdade para sentir a pista e não deixar ninguém parado.


Desde que começamos a namorar percebi que eu e o Roberto funcionamos muito bem como uma equipe, acho que tudo que sonhamos com outros parceiros conseguimos realizar juntos. No segundo mês de namoro entrei na aula de dança com ele; ele que já praticava há 1 ano foi um fofo e entrou em uma turma de iniciantes só para podermos praticar juntos. Fizemos forró e dança de salão por 6 meses e cerca de 2 anos de dança de salão( bolero, samba de gafieira e soltinho). Eu adoro samba de gafieira, é uma delícia! O Roberto, apesar da dificuldade imposta pela raça, é um aluno dedicadíssimo e já está até sambando no pé. Ele conduz com uma precisão que dá à dama uma segurança grande no salão , seus passos são claros e leves. Confesso que cansei do tum e tum do bolero, saímos da dança de salão e o Roberto está na aula de salsa que ele adora. Eu fui outro dia fazer uma aula com ele e adorei, assim que voltar de viagem vou tratar de fazer minha matrícula, pois este parceiro já é meu e ninguém tasca!


Após 1 ano de namoro fizemos uma viagem à Paris e lá ele me pediu em casamento, em um restaurante indiano de Monmartre, aos pés da Sacre Cour : trés romantique. Quando voltamos fizemos um almoço de família e oficializamos o noivado. Eu iria morar sozinha , ele não pestanejou, tratou de propor que fossemos morar juntos logo, afinal somos um casal moderno e veríamos na prática se daria certo ou não. Foi maravilhoso, o Roberto apesar de ter sido tratado a pão de ló pela minha eficientíssima sogra, se mostrou ser um ótimo marido, ele não me 'ajuda' com as tarefas domésticas, ele as assume, como deveria ser em todo lar. Naturalmente cada um assumiu o que gostava mais ou detestava menos em alguns casos, como lavar a louça (Roberto) ou tirar o lixo (Eu). Ele faz o supermercado e eu a feira e assim vai. Ninguém fica sobrecarregado. Nós não tivemos a chamada fase de adaptação em que os casais brigam um pouco até se ajustarem um ao jeito do outro. Não havia brigas ou discussões, reinava em casa uma paz de filme americano, confesso: fiquei até assustada. Nesses quase 3 anos de convívio passamos por um poutpourri do que um casal deve passar em anos de convívio. Passei por uma fase difícil de doença na minha família e foi muito estressante pra mim, tive que readaptar a nova situação em que minha mãe se encontrava; sou filha única e meus pais se separaram quando eu ainda era pequena, e agora não mais podíamos contar com a memória dela. Felizmente a pessoa que foi minha babá quando eu era bebê e conhece nossa família há anos está acompanhando minha mãe nas tarefas diárias, o que me deu uma tranquilidade enorme. Nos momentos de tristeza o Roberto me deu toda força e sempre repetia que agora era comigo e ele, que éramos uma família.


Este ano o pai do Roberto adoeceu : câncer de pancrêas, uma doença terrível e indômata. Pela primeira vez eu e Roberto conhecemos o que são discussões bobas que se transformam em brigas, devido ao estado de estresse em que nos encontrávamos. Conseguimos equacionar as coisas e entender o que estava acontecendo. Percebemos que a construção de uma relação bem sedimentada passa também por conflitos; percebemos que eles nos fizeram crescer e ter a certeza de que encontramos a pessoa certa um pro outro.

Minha admiração pelo o Roberto só faz aumentar a cada dia e vejo como sou sortuda! Temos muitas afinidades, compartilhamos o gosto pelo mesmo tipo de música, filme, livros e assuntos; adoramos viajar, temos objetivos semelhantes de vida. Mas o mais interessante é o quanto aprendemos um com o outro, o quanto a nossa maneira de ser no mundo é diferente e complementar. O Roberto é mais reflexivo e eu sou mais impulsiva, mais ou menos assim: eu lanço as velas ao mar e ele pega firme no leme, afinal o barco não pode afundar. Sinto que minha doçura e meiguice tem contagiado o Roberto e o seu senso de disciplina espero que vença meu 'déficit de atenção' persistente.

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