sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A 'Chinesa' e os leques


Há praticamente uma semana do casamento estou às voltas com mil e um afazeres que fiz o favor de me arrumar. Não bastasse a ansiedade natural do momento, preciso arrumar tempo para "montar" as lembrancinhas, preparar os cartões para a árvore da felicidade e finalizar os leques que irei distribuir na cerimônia, já que a igreja é pequena e estamos a um mês e meio do verão carioca. Confesso: pensei em quase tudo, uma noiva prevenida vale por duas!
Preocupada com um surto de calor carioca - visto que a Igreja não tem ar condicionado - fiquem tranquilos, eu sou exagerada: como a festa terá um clima clássico, decidi customizar leques para distribuir na cerimônia, o que dará um charme à Capela e que espero que se mantenha na festa (que minha decoradora me ouça..) Já havia escolhido o modelo, de madeira e tecido em tons de rosa e lilás, restou buscar no Saaara a fonte, provavelmente oriental de tais "especiarias".
Perguntando de uma lojinha à outra, logo não foi difícil descobrir que existem dezenas de lojas que atendem por "loja do chinês", o que parecia tão simples deu lugar à repentina observação que o Saara está repleto de gente de olho puxado, incluindo-se naquele momento o meu digníssimo nipônico noivo. Perambulando com um exemplar multicultural como escolta, logo cheguei à "fonte". Achei! Graças à Deus, me dizia, e parecia que havia em quantidade. Ótimo!
Com o vendedor comecei a abrir e examinar os leques, fui separando os de tons rosa e lilás e abandonando à margem, verdes , azuis, amarelos.
Já fazia até gosto ver a pilha de leques se formando. Porém! Existem muitos poréns na vida de uma noiva! A chinesa lá de trás do outro balcão se manifestou:
-Paco te fe chado!
Eu olhei como se ela estivesse falando chinês, sem dar muita importância, continuei a fazer crescer o montinho para o escambo. A quantidade, no mínimo 50, fez o olho da chinesa crescer e ver surgir a oportunidade de desencalhar aqueles leques verdes, amarelos....estou brincando, a maldade fica por minha conta, mas que ela era chata, era.
Depois por mais 15 minutos, em intervalos regulares, a cena se repetia:
-Paco te fe chado!- Eu virava, olhava a chinesa, agora com cara de assustada, parecendo acreditar que ela nos queria à distância.
Ah, com certeza eu não sairia dali com um "paco te fe chado"; me virei e disse com um ar de tristeza: -Mas minha festa é rosa moça! Ela me olhou e Nossa Senhora das Noivas Aflitas me acudiu. Depois de pensar um pouco, ela mandou descer um outro tanto de leques para eu completar a quantidade que queria, da cor que eu queria. Logo que o pacote chegou, a chinesa o destroçou e numa rapidez fugidia separou os cor de rosa. Diante da rivalidade milenar entre chineses e japoneses, preferi não arriscar e logo catei os benditos e seguimos adiante.
Estão ficando uma graça; com caneta dourada estou escrevendo a data e os nossos nomes na lateral do leque e estou arrematando com um laço de fita dourada. Agora só preciso de mais um pouquinho de paciência e tempo para deixar tudo pronto.

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