sábado, 30 de abril de 2011

Ela chegou....

Finalmente o grande dia chegou: 2a feira, dia 4 de abril . Assim que acordei, por volta das 9h da manhã, minha bolsa rompeu. Logo intimei meu marido a sair e comprar tudo que eu achava que estava faltando. Passei a manhã perdendo líquido apesar de ainda não estar em trabalho de parto. Por volta de meio-dia começaram as contrações. Mesmo assim insisti em almoçar , afinal não sabia quanto tempo duraria meu trabalho de parto e não queria ficar fraca, sem energia para a árdua tarefa que estava por vir. Mas as contrações logo passaram a vir muito frequentemente e muito fortes; tentava comer uma garfada entre uma contração e outra, mas logo interrompi meu almoço e fui mudar de roupa para irmos à maternidade. Minha sogra me ajudou  tamanha era a dor. Sorte a maternidade ser tão perto de casa, mas parecia uma eternidade.... cada curva ...como o Rio é esburacado! Ufa!  Chegamos...
Já na maternidade logo vieram com uma cadeira de rodas, mas nesta hora nada como poder andar. A cena foi bizarra: os funcionários pareciam que não viam uma mulher em trabalho de parto há algum tempo. Mesmo explicando que meu obstetra já estava a caminho insistiram para que eu passasse pela emergência. Então fomos nós, eu e meu marido andando até a emergência. Lá a atendente me perguntou a queixa, eu que já não mais podia responder, deixei por conta do Roberto, que tentava explicar que eu simplesmente estava em trabalho de parto. Neste meio tempo avistei a pessoa mais esperada: o meu obstetra. Enquanto caminhava de volta para a internação parava no meio do caminho nos momentos das contrações, as pessoas olhavam assustadas, como se não soubessem que ali era uma maternidade, local onde deveria ser normal avistar uma mulher em trabalho de parto.  Depois descobri que neste dia na maternidade ocorreram 30 cesárias e apenas o meu parto normal.
A primeira coisa que o meu obstetra me falou foi para eu ficar calma pois o anestesista já estava chegando. Mas eu estava disposta a enfrentar a dor, a minha preocupação era se a anestesia não me deixaria "acomodada", acabando por atrapalhar o andamento do parto. Meu obstetra garantiu que não deixaria que eu me acomodasse e que naquela altura não teria problema algum fazer a analgesia. Quando ele me examinou eu já estava com 5cm de dilatação, já era hora de descermos pro centro obstétrico. Recebi então a tão sonhada peridural!  Parecia que do inferno havia chegado ao céu, mas como dizem: o que é bom dura pouco. Logo a mesma dor lancinante voltou com tudo. Quando estava com 8cm pedi mais anestesia, estava exausta de tanta dor. Mas parecia que estavam injetando água! Simplesmente a dor não passava. Depois do parto descobri que tive tanta dor porque minha bolsa rompeu antes do trabalho de parto começar, é o que chamam popularmente de 'parto seco'(ainda bem que eu nem sabia que isto existia).
Meu obstetra e sua equipe foram maravilhosos. Ele não saiu do meu lado o tempo todo, até lanchinho me arrumou no meu do trabalho de parto, quando só o que fazia entre uma contração e outra era reclamar de fome. A luz do quarto ficou na penumbra desde o início, como pedi. Todos falavam baixo e apenas o indispensável. Quando uma técnica da enfermagem ou outra entrava na sala falando alto ou batendo a porta , meu obstetra tratava de chamar-lhes a atenção. Senti toda a segurança e tranquilidade de que precisava.
O processo do parto é tão poderoso em si que te leva a fazer o que tem que ser feito sem  que seja preciso pensar. Agora costumo brincar dizendo que descobri que nós mulheres somos uma força da natureza, assim como uma tsunami ou um vulcão: simplesmente não há explicação para tamanha força e poder.
Lá pelas tantas meu obstetra, sempre muito cuidadoso, auscultando a todo momento o coraçãozinho da Valentina, olhou pra mim bem sério e falou: - Olha Débora eu acho que a Valentina é maior do que esperávamos, então você vai ter que fazer ainda mais força.   Tudo bem, lá fui eu fazendo toda força que podia e não podia. Quando ele repetiu a memsa frase pela terceira vez , eu disse: -Já sei, já sei, por favor não me diga mais , eu vou fazer toda a força. Ela estava demorando a descer apesar da boa dilatação.
O momento mais emocionante do parto foi sem dúvida alguma o período expulsivo. Graças à analgesia nãosenti dor alguma neste momento e foi simplesmente mágico. Não existe palvra para descrever a emoção de sentir uma criança sair de dentro de você. É divino! Logo depois tê-la nos braços! Uau!  Não há montanha russa, onda , montanha, pôr-do-sol.....  nada se compara. Jamais esquecerei o momento em que a vi pela primeira vez. Fiquei encantada e lhe disse todas as corujices de uma mãe boba e emocionada. Seu  chorinho dengoso me fascinou, não queria deixa-la nunca mais.

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