sábado, 21 de agosto de 2010

Pegando Fogo


Pegando Fogo. Porque cozinhar nos tornou humanos.

Eu tomei conhecimento desse livro no sítio da pesquisadora Suzana Herculano. Ela havia lido o livro em inglês e antecipara o lançamento desta publicação em português. Fiquei interessado na leitura em virtude dos elogios da neurocientista e por causa do tema abordado.

O autor, antropólogo americano, destaca o papel do cozimento na evolução dos primatas. A descoberta do fogo e o seu emprego no cozimento dos alimentos trouxe muitas vantagens evolutivas aos ancestrais humanos. Possibilitou o acesso a alimentos com maior número de calorias, reduziu o dispêndio de energia num processo tão custoso quanto a digestão, colaborou para que houvesse um maior desenvolvimento do encéfalo e modelou as relações humanas, particularmente as relações homem-mulher. Pronto, resumi o livro..rs

Quero destacar uma das vantagens citadas anteriormente. O tubo digestivo dos humanos é proporcionalmente menor do que aqueles encontrados em símios e animais de pasto, por exemplo. Durante a evolução dos primatas, a mudança dietética para raízes de melhor qualidade e, principalmente, para o consumo de carne tornou menos importante ter um tubo digestivo extenso para trabalhar e absorver o alimento. O benefício secundário dessa transformação foi a disponibilização da energia que anteriormente era consumida na digestão para o desenvolvimento do encéfalo. Conforme o encéfalo dos primatas foi crescendo, o tubo digestivo foi diminuindo na mesma proporção. O cozimento dos alimentos também ajudou nesse processo e permitiu a transformação anatômica de nossos ancestrais no que somos hoje em dia: Homo sapiens.

O livro é muito interessante, mas fica um pouco chato e cheio de suposições quando tenta justificar o papel do homem e da mulher na sociedade a partir do advento do cozimento dos alimentos. Outro ponto de vista que discordo é sobre a obesidade, epidemia mundial. O autor critica as teorias evolucionistas que afirmam que nossos ancestrais necessitavam acumular energia, em virtude da organização das sociedades e pouca fartura de alimento que existia no mundo antigo. Na visão do autor, o cozimento facilitou muito, o melhor acesso qualitativo e quantitativo a comida e criou as condições necessárias, atualmente, para o aparecimento da obesidade. Sinceramente, acho que a obesidade origina-se das duas coisas: somos geneticamente programados para acumular e há fartura de alimentação calórica.

Este livro complementa um outro que li algum tempo atrás: O Macaco Obeso. Aliás, outra leitura excelente.


Roberto

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