domingo, 24 de janeiro de 2010

Breve História do Mito


Um dos melhores livros que li este ano. Karen Armstrong disserta sobre a importância da existência dos mitos na sociedade. A função que eles têm como mediadores dos questionamentos humanos sobre sua existência. Através de exemplos muito interessantes, a autora mostra como os diversos mitos cumprem um papel importante no funcionamento da psique humana e critica a sociedade contemporânea pela subvalorização de práticas que eram cruciais para nossos ancestrais.


Com um dos mitos tive uma identificação: a capacidade de voar. Voar representaria a transcendência, a possibilidade de tocar o divino, de ascender aos céus, a um plano superior de existência. Lembro-me claramente de um sonho recente – e que me parecia incompreensível – em que estava voando e era dotado de poderes sobrenaturais. A sensação que esse sonho me trazia era extrememamente prazerosa, assim como são as experiências advindas da vivência desse mito de uma forma geral.


Outro mito interessante e que comentei na entrada anterior do blog é sobre o herói. A função do mito do herói em nossas vidas. A analogia entre o caminho difícil para se tornar um herói e os ritos de passagem, como aqueles de civilizações antigas em que o adolescente é privado do seu dia-a-dia normal e confrontado com experiências assustadoras que o fazem ressurgir como um novo homem, uma pessoa amadurecida que tem um papel novo e importante na sociedade.


Esse mito do herói me faz reviver um pouco a minha vida recente em que, através do esporte, pude conhecer meus limites, fui capaz de me reconhecer como ser humano vencedor, por meio dos sacrifícios que atividade física me impunha para alcançar um objetivo determinado. O prêmio era cruzar a linha de chegada e ter a sensação de realização, de sucesso, de provar a si mesmo que era um herói e capaz de atingir patamar novo de entendimento da realidade.


O advento das grandes civilizações e conseqüentemente das cidades, de uma certa forma, afasta o homem dos deuses e isso é representado, por exemplo, na história de Gilgamesh. Outros mitos, como o do dilúvio, representam o infindável reciclar, reconstruir característico das cidades antigas, notadamente da região mesopotâmica, local que sofria com inundações constantes.

A última parte do livro é uma crítica ao mundo contemporâneo. Destaca o progresso da sociedade ocidental pela incorporação das conquistas advindas da revolução tecnológica e a conseqüente ênfase excessiva no logos (razão). Paralelamente, houve uma depreciação da importância dos mitos na vida do homem. Tudo que não pudesse ter uma explicação lógica era considerado como histórias de mentes primitivas. Portanto, produziu-se um vazio na psiquê humana que é parcialmente preenchido pelas artes: os livros e as artes plásticas, por exemplo. Através de elementos ficcionais, elaboram-se as situações que antigamente eram discutidas pelos mitos. A autora também faz um crítica bastante lúcida à distorção dos mitos modernos - as estrelas pop, por exemplo - que são objetos de pura idolatria ou contemplação passiva e não cumprem o papel mítico dos heróis: servir como um modelo, uma referência.

Postagem de 17/8/2008 por Roberto Mogami

Um comentário:

  1. gosto mt de ler agora estou começanoa ler a cabana de de willian p. yong recomendo bjs!

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