O casal à esquerda é composto dos meus amigos Gabriel e Danielle. O Gabriel conheço há mais tempo e foi meu colega de turma no Fundão. Daquele grupinho faziam parte ainda o Antônio, Nilton e Carlos e de forma um pouco menos frequente Ivan, Jorge e Erik. Entramos no segundo semestre de 1987 e para o Gabriel era a segunda tentativa, após alguns anos de faculdade de Engenharia na própria UFRJ.
O Gabriel era aquele amigão para quem a gente contava nossas dúvidas e segredos. Tínhamos e temos uma admiração muito grande um pelo outro. Enalteço a sua integridade, bondade, dedicação e amor pelo próximo. Ele era um cara participativo e animado para mudar as coisas para melhor. Um ser humano fantástico que tinha uma qualidade fundamental para ser um bom médico: compaixão. Mas, isso não me surpreende pois ele tinha uma formação religiosa que engrandecia o companheiro admirável que ele era.
Aquele grupo de colegas, ou melhor, de amigos também gostava de jogar futebol ou, pelo menos, achava que jogava algo parecido com o futebol. O Gabriel era o goleiro, o restante dos amigos se revezava na linha. Durante um bom período da faculdade era sagrado o nosso futebol de salão às sextas. O mais habilidoso do time era o Florizan, um colega de Matogrosso, mais precisamente de uma cidade chamada Barra do Garça. A gente mexia muito com ele, perguntávamos: "Florizan, lá tem Rede Globo, televisão, rádio etc?" Ele ficava p* da vida com este tipo de questionamento. Além do futebol de salão, tínhamos um time de society que participava das competições entre turmas de medicina do Fundão. Nós éramos o time B da turma, o time A era formado por um outro grupo que chamávamos de turma do Chapa (inspirado naquele desenho com umas motos). Eu costumava organizar os treinos e amistosos do nosso time. Fazíamos (ou tentávamos fazer) uma preparação séria, mas a falta de categoria do time era um problema grave...Quando senti que faríamos um papelão no campeonato, resolvi marcar "treinos" extras para a hora do almoço. Chegava perto de algum colega de turma e perguntava: "Fulano, vc pode colaborar participando do time adversário que vai treinar contra nossa equipe?" Chegaram a discutir comigo por causa do rigor dos treinamentos. Em uma ocasião o professor de cirurgia atrasou uma aula, mas mesmo assim exigi que todo mundo saisse da sala para "treinar" no campinho em frente ao hospital. O Ivan mineiro reclamou muito, mas respondi: "não posso fazer nada se esse professor irresponsável não sabe cumprir os horários". O nosso time era tão medíocre que uma vez empatamos, a muito custo, uma partida disputada contra um combinado de "curiosos" da nossa turma, que só conheciam futebol quando o Brasil jogava na Copa do mundo. Quanto a mim, eu era aplicado na defesa, sabia me antecipar e prever as jogadas. E só....(rs). Quando criança era tão ruim de bola que, em certa ocasião, li de cabo a rabo um livro com ensinamentos do Pelé (sim, ele mesmo, Edson Arantes do Nascimento) sobre os fundamentos do futebol. Muito bem ilustrado, o livro era cheio de dicas e orientações sobre domínio de bola, drible, passe, cabeçadas etc. Dava orientações até sobre ser goleiro. Depois que li o livro, chamei todos os garotos da rua para jogar uma pelada na calçada em frente de casa. Tinha certeza que, daquela vez, iria arrebentar. Durante a partida, eu me superei realmente. Fui tão mal que até chutar o chão, eu chutei. Saí decepcionado e consciente que jogar futebol não se aprende em livros.
A Danielle é esposa do Gabriel e a conheci há pouco tempo, casualmente, quando soubemos que trabalhávamos no mesmo hospital. Desde então nos falamos ocasionalmente, mas sempre faço os exames dos pacientes que ela encaminha para avaliação ultrassonográfica. Eu a admiro, pois trabalha com brilho num meio dominado por homens, mas sabe mostrar suas qualidades e corre atrás quando é necessário. Além disso, é uma pessoa muito gentil e educada, a companheira certa para um cara como o Gabriel.
Meu irmão mais novo era o centro das atenções da minha casa, principalmente do meu pai. Quando ele nasceu, eu já contava seis anos e fui, realmente, o irmão mais velho para ele. Sempre tive muito carinho pelo Márcio e recordo-me com saudades da época em que "tomava conta" dele. Sentava-me a seu lado para dar aquelas sopinhas da Nestlé e acabava "dividindo" o potinho com ele. O meu relacionamento com o Márcio era diferente, pois o Duda era mais meu parceiro e o Neno (seu apelido) era o caçula, a quem eu deveria dar o exemplo. Dos dois, acho que é o mais parecido comigo.
Dos tempos em que morávamos juntos, a recordação que mais me marca foi o acidente de carro que ele sofreu na Barra. Como fiquei arrasado com o que aconteceu naquele fim de semana, naquele momento percebi como gostava muito dele.
A Ellen é minha cunhada que tem um astral magnífico e a pessoa que sempre me apoiou nos momentos que precisei. Conversar com ela é motivo para dar boas risadas porque ela tem cada tirada engraçada...Uma vez contei que as gatinhas de casa ficavam olhando o tempo inteiro para a gaiola com o passarinho do meu pai que estava na varanda (quando meu pai adoeceu, fiquei encarregado de tomar conta do coleiro). Aí ela disse: "elas devem ficar falando uma para outra, se cair no chão, pode deixar, a gente reparte igual". Mesmo tendo entrado depois para a minha família, ela se encaixou muito bem e o amor que ela dedica aos meus sobrinhos é algo admirável, pois são quase filhos dela.
(foto de Felipe Goifman e Glenda Rubinstein)
Roberto
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