sábado, 28 de novembro de 2009

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A Bela e Misteriosa Veneza


Na manhã do nosso último domingo em lua de mel, tomamos nosso café da manhã e partimos pelas ruelas da pequena cidade rumo à estação; pela última vez contornamos as esquinas silenciosas na manhã cinzenta de outono. Enquanto esperávamos o vaporetto (pequena embarcação que funciona como ônibus), aproveitei para observar atentamente o movimento da cidade: alguns caminhando agilmente numa impaciência típica italiana, uns lentamente, embebecidos com a beleza do lugar; outros a tirar fotos compulsivamente como se Veneza fosse desaperecer a qualquer momento. É vero que a cidade está afundando, que alguns poucos canais cheiram mal, que os italianos são rústicos; mas nada, nada se compara à Veneza : elegante e graciosa diante de milhares de turistas de toda parte do mundo. É intrigante pensar como uma cidade tão pequenina, de ruas apertadas e com população fixa que vem decrescendo exponencialmente nos últimos anos, consegue atrair tantos turistas e movimentar tanto dinheiro: num único quarteirão é possível se deparar com lojas das grifes mais caras do mundo.
No vaporetto, durante o percurso até à estação, turistas, locais e malas se misturavam no pequeno espaço comum da embarcação, enquanto isto Veneza lentamente passeava e fluia pelos canais enquanto nos perdíamos admirando um mistério singelo solto no ar. Chegando na estação, procuramos uma rampa a fim de facilitar nossa subida com as malas , mas a única que existia estava interditada com uma corda( coisas da Itália...); enchemos o peito de ar e avanti pelas escaleras! -Na Europa em geral, pelo pouco que já pude notar, ninguém se poupa a pegar no pesado, eles são ágeis para o trabalho e para se virar, ninguém fica meia hora para lhe dar um troco numa padaria, por exemplo, e é comum vermos mulheres com crianças a viajar sozinhas pra lá e pra cá, com carrinho de bebê a subir nos trens, malas ou seja lá o que for.
Nos postamos na plataforma meia hora antes da partida e de olhos bem atentos no painel procuramos o binário do qual o trem partiria, afinal na Itália, o seu trem pode partir no horário ou hora e meia depois sem qualquer explicação, assim como ele pode estar a seu dispor quarenta minutos antes da partida ou chegar na estação faltando cinco minutos para o horário, e aí é bom ser ligeiro: em cinco minutos desce quem tem que descer e sobe quem tem que subir.
Já no trem, enquanto atravessávamos a ponte que liga a Ilha ao continente , me lembrei de uma das primeiras músicas que aprendi a tocar: Gondoleiro Veneziano; só então, vinte anos depois pude 'entender' sua melodia bela e nostálgica. Os compassos longos e bem marcados, agora que já vira uma gôndola, percebi que descreviam perfeitamente o movimento suave deste símbolo da cidade, ritmado pelas remadas lentas e potentes dos gondoleiros. Enquanto o trem se afastava da ilha , a bruma suavemente tomava conta da paisagem e fazia, a misteriosa Venezia, desaparecer entre nossas lembranças de um pequeno e maravilhoso tesouro da humanidade.

PS: ...por pouco, enquanto o trem atravessava a ponte e a névoa estendia seu longo tapete ao nosso redor, acreditei estar acordando de um lindo sonho de manhã de domingo...

Itália Colossal



Este vídeo contém diversas fotos que tirei durante a viagem de lua-de-mel pela Itália.
As fotos (a grande parte já está disponível) podem ser vistas no meu Flickr (http://www.flickr.com/photos/33366467@N07/)
Abs a todos!

Roberto

Veneza - Cidade dos Canais


22/11/2009
Concluímos nossa visita à Veneza. Foram 4 dias tranquilos de passeio pelas ruas desta cidade secular. O que me seduz historicamente em Veneza é o seu passado que mescla influências bizantinas e ocidentais. Ainda me fascino com a praça de São Marcos e o esplendor da basílica homônima. Ela é diferente das demais igrejas italianas e européias porque foi inspirada na arquitetura de uma catedral bizantina. O terraço da basílica com os 4 cavalos de bronze trazidos de Constantinopla são uma lembrança do passado de esplendor de Bizâncio (na verdade os cavalos no terraço, ao ar livre, são réplicas dos orginais que estão dentro da basílica).
O Palácio dos Doges, ao lado da basílica, é suntuoso. Tudo é monumental, as salas, pinturas e afrescos. A visita é um verdadeiro passeio pela história da ilha e de seus artistas mais famosos. O me causou tristeza foi constatar o que fizeram com a Ponte do Suspiro. Já havia lido sobre isso e pude ver que colocaram uns painéis de propaganda circundando os limites da ponte e tornando-a ridiculamente feia se comparada à visão que tive há 10 anos. Assim como aconteceu na Praça da Espanha, algum “gênio” resolveu fazer um “upgrade” num monumento histórico italiano.
Visitamos 2 museus – além do museu da basílica e o Palácio dos Doges: a galeria della Accademia e o Peggy Guggenheim. O primeiro caracteriza por ser o abrigo dos pintores renascentistas venezianos. Muito instrutivo, no entanto achei o museu um pouco bagunçado e várias salas estavam fechadas. O segundo caracteriza-se pela arte moderna, fruto da coleção de uma milionária americana que vivia em Veneza. A coleção deste museu é um contraponto a tudo que vimos na Itália até aquele momento e quebrava a sequência de Madonnas, Crucificações, Anunciações e outras coisas mais. Achei o Guggenheim difícil de visitar pois os corredores são estreitos e a falação das pessoas atrapalha a observação e compreensão das obras.
Uma ideia que tive durante a estadia em Veneza foi acordar bem cedinho para tirar fotos da cidade. Isto me proporcionou 2 passeios inesquecíveis pela ilha onde conheci outros cantos que, talvez, não pudesse ir e me fez perder-se pelas ruas estreitas da ilha italiana. Nesse horário pude apreciar melhor os edifícios, o vai-e-vém das pessoas e as vitrines das lojas, sem aquela multidão de turistas abarrotando as ruas.
Além de enfeiarem a Ponte dos Suspiros, outra coisa me deixou chateado: o modo como fomos tratados por alguns lojistas em Veneza. As pessoas são tão ríspidas que respondem com “patadas” a simples perguntas que fazemos. A pessoa entra na loja, pede alguma informação sobre um produto e recebe uma resposta cheia de grosserias e ironias gratuitas. A reação destes mal-resolvidos é tão intempestiva que ficamos estupefatos e de boca aberta com o show de grosserias que fazem conosco e até mesmo entre eles. Cria-se um clima horroroso dentro da loja que assusta os clientes e nos faz ir embora em decorrência do tratamento “amigável” que recebemos. Lamentável.
Em nossa estada em Veneza tivemos a sorte de ficar em um apartamento na região de Canareggio. Um apartamento com sala e cozinha, banheiro e quarto. Todos os cômodos razoavelmente amplos e equipados com os utensílios necessários para prover um dia-a-dia um pouco semelhante ao que levamos no Brasil. Foi um conforto e tanto que tivemos e não pagamos alto por isso. O nome do lugar é Palazzo Roza.
Ainda quero voltar à Veneza em outras oportunidades. Talvez o show de grosserias a que fomos submetidos tenha me deixado indignado e decepcionado. Esta é uma cidade tipicamente turística e o comércio é uma atividade fundamental há séculos. Deveriam estar acostumados a lidar com potenciais compradores. Talvez mais 10 anos vão se passar até que eu possa esquecer os maus modos desses infelizes e possa voltar para apreciar de novo esta cidade secular.
Próxima parada (e final): Milão. Voltamos para cidade onde tudo começou.

Roberto

Dias em Florença


18/11/2009
Estamos no trem que vai de Florença à Veneza. Foram cinco dias tranquilos na cidade que é o berço do renascimento, sem os contratempos que tivemos no deslocamento entre Roma e Florença.
A comparação com o período de 10 anos atrás quando estive na Itália me passou a impressão que Roma está mais apresentável. É uma cidade organizada, limpa e fácil de se locomover. Por outro lado, tive uma impressão oposta de Florença. Mesmo com o mapa na mão é difícil se encontrar nas diversas ruas que levam às atrações. O Duomo, a igreja mais importante de Florença, era o ponto de referência a partir do qual nos guiamos em relação aos outros pontos turísticos. A cidade não é grande, no entanto as ruas são estreitas, as calçadas mal conservadas em alguns trechos, há muitas pessoas nos bairros mais turísticos e tem-se a impressão que estamos sempre perdidos. O domingo à noite foi o dia mais cheio que vi nesse período. Em algumas ruas era difícil até andar pelas calçadas. O interior da Rinascente, uma loja de departamentos italiana, estava apinhado de gente por todo lado. Uma loucura.
Das coisas que gostei de Florença, destaco a Galeria Uffizzi e a Galeria della Academia. O primeiro museu abriga uma coleção impressionante de quadros renascentistas. Parece que eles espremeram tudo que havia de bom desse período e colocaram dentro deste museu. Na Galeria della Academia destaca-se o Davi de Michelangelo, acompanhado das esculturas projetadas para a tumba do papa Júlio II. O Davi dentro do museu ganha uma projeção maior do que sua réplica que se encontra na praça della Signoria. As mãos e os pés são desproporcionais e os olhos estrábicos. A musculatura toda delineada como em outras esculturas do artista.
Florença possui uma variedade impressionante de museus. Tive a oportunidade de ir ao monastério de São Marcos onde se encontram os afrescos de Fra Angélico, ao Palácio Vechhio (sede da prefeitua de Florença e onde se encontram afrescos maravilhosos), Palácio Pitti (o Versailles italiano) e outros mais. Em Roma, grande parte das atrações está na rua mesmo (as ruínas, as estátuas de mármore e bronze etc), mas em Florença deve-se ingressar nas igrejas (há diversas) e museus para se conhecer a riqueza cultural da cidade. A ponte Vechhio, cartão-postal da cidade, que liga uma parte de Florença a outra é de relevância e beleza muito menor se comparada aos monumentos históricos romanos.
Em Florença observei mais mercados de rua (os camelôs). Num dos mercados próximo à igreja de São Lourenço notamos muitos mineiros trabalhando. Essas barracas de camelôs têm uma infinidade de produtos de couro e os preços são em conta levando-se em consideração os preços praticados no Brasil. Encontram-se coisas de muito bom gosto e qualidade principalmente nas lojas. Numa delas vimos umas bolsas femininas com detalhes trabalhados à mão muito bonitos.
Bem, não poderia deixar de citar os sorvetes em Florença. O melhor sorvete que comi até agora encontra-se numa gelateria chamada Vivoli. Consegue ser melhor que os melhores sorvetes italianos. Quem for à Florença não pode deixar de conhecer a Vivoli (Via dell'Isola delle Stinche 7). Igualmente imperdíveis são os picolés de chocolate mergulhados em calda quente de uma sorveteria localizada no caminho entre a Ponte Vechhio e a Praça da República (onde há um arco). Infelizmente não me recordo do nome, mas vale a pena. Outra dica para uma lanche rápido é uma pasticeria chamada Cucciolo onde comemos umas focaccias saborosas. Na Itália eles têm o costume de deixar sanduíches e pizzas já preparados no balcão e esquentar quando o cliente pedir. A Cucciolo tem um visual bem bonito, não fica cheia e os lanches são muito bons. Fica na via del Corso, próximo ao acesso da Casa de Dante.
A época do ano está ajudando pois não pegamos fila para nada. Na Uffizzi, por exemplo, entramos direto no museu. Felizmente os dias foram nublados, mas sem chuvas. Algumas vezes fazia até um calorzinho discreto, mas bem de leve.
Passado o susto daquele furto no trem, estamos mais tranquilos agora. Mas, a paranóia de carregar o dinheiro continua, pois ficamos com a impressão de que alguém vai nos assaltar aqui. No embarque deste trem, por exemplo, uma menina entrou no vagão para pedir dinheiro aos passageiros. Ninguém a impediu porque não há controle algum do que acontece no embarque e desembarque. Por falar nisso, fomos a uma delegacia em Florença para fazer a ocorrência. O oficial não falava inglês e tive que gastar meu italiano que aprendi durante o planejamento da viagem. O policial foi bem simpático e atencioso e tive uma boa impressão dos Carabinieri.

Roberto